ATA DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 28.04.1999.
Aos vinte e oito dias do mês de abril do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada,
Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Fernando
Záchia, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João
Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei,
Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino,
Elói Guimarães, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Motta, Nereu D'Ávila, Pedro
Américo Leal, Sônia Santos, Sonia Saraí e Gilberto Batista. Constatada a
existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima
Quinta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Clênia
Maranhão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 37/99 (Processo nº 1321/99); pelo
Vereador João Dib, os Pedidos de Informações nºs 57, 58 e 59/99 (Processos nºs
1332, 1337 e 1338/99, respectivamente); pelo Vereador Jocelin Azambuja, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 33/99 (Processo nº 1240/99); pelo Vereador
Luiz Braz, o Pedido de Informações nº 54/99 (Processo nº 1303/99) e o Projeto
de Resolução nº 16/99 (Processo nº 1268/99); pelo Vereador Paulo Brum, 01
Pedido de Providências; pela Vereadora Sônia Santos, 01 Emenda ao Projeto de
Lei do Legislativo nº 24/99 (Processo nº 1000/99). Ainda, foi apregoado o
Ofício nº 205/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o
Projeto de Lei do Executivo nº 05/99 (Processo nº 1389/99). Do EXPEDIENTE
constaram: Impressos do Instituto Brasileiro de Apoio aos Municípios,
divulgando o Congresso de Administração Municipal, no Rio de Janeiro/RJ e o
Congresso de Prefeitos e Vereadores, em João Pessoa/PB; do Instituto
Municipalista Brasileiro, divulgando o XXIV Congresso Nacional de Vereadores,
em Vitória/ES; da União Nacional de Vereadores - UNV, divulgando o XIII
Encontro Nacional de Vereadores, Prefeitos, Vice-Prefeitos, Secretários
Municipais e Assessores, em Brasília/DF; da Prefeitura de Natal, Assembléia
Legislativa do Rio Grande do Norte e UNIVERN, divulgando o III Congresso
Municipalista de Vereadores, Prefeitos, Secretários Municipais e Assessores de
Prefeituras e Câmaras do Brasil, em Natal/RN; do IOB, divulgando o Seminário
Especial sobre Títulos Antigos da Dívida Pública, em São Paulo/SP. A seguir, o
Vereador Reginaldo Pujol manifestou-se, registrando a presença dos Vereadores
lvo Stark Beiersdorf, Nedy Lande Gass Filho e Pedro Antônio Tuchtenhagen, da
Câmara Municipal de Turuçu/RS, e o Vereador Antonio Hohlfeldt formulou
Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria
constante na Ordem do Dia, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos a
respeito. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado
Requerimento verbal da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando alteração na
ordem dos trabalhos, iniciando-se o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a
homenagear a luta em defesa da paz, nos termos do Requerimento nº 79/99
(Processo nº 1184/99), de autoria da Vereadora Clênia Maranhão. Compuseram a
Mesa: os Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro, respectivamente,
Presidente e 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor
Ricardo Gothe, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o
Senhor Jair Krischke, Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos. Em
COMUNICAÇÕES, a Vereadora Clênia Maranhão destacou a importância da paz para a
convivência entre os povos, posicionando-se contrário à atuação da Organização
do Tratado do Atlântico Norte - OTAN junto à região dos Bálcãs. Também,
defendeu a realização, dia trinta de abril do corrente, na Esquina da Avenida
Borges de Medeiros e Rua dos Andradas, de manifestação em favor do final dos
conflitos naquela região e leu versos da música "Rosa de Hiroshima",
de autoria de Vinícius de Morais. Após, procedeu-se à apresentação da música
"Va Pensiero", interpretada pelo Show Musical La Salle de Canoas, sob
a coordenação do Professor Claudionor Lima. Também, face solicitação do Senhor
Presidente, a Vereadora Clênia Maranhão prestou informações mais detalhadas
sobre a manifestação a ser realizada no dia trinta de abril do corrente,
mencionada por Sua Excelência durante seu pronunciamento. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Reginaldo Pujol teceu considerações a respeito dos fatos históricos
conformadores dos conflitos atualmente verificados nos países da região dos
Bálcãs, procedendo a análises sobre os elementos causadores desta situação e
defendendo a intensificação dos esforços das partes envolvidas na busca de soluções
pacíficas à situação. Na oportunidade, foram registradas as seguintes
presenças, como extensão da Mesa: da Senhora Maria de Lourdes Santos dos
Santos, Ministra da Igreja Messiânica; da Senhora Celita Marchesan Cabral,
representante do Deputado Estadual Jorge Gobbi; da Senhora Inês Rapac,
representante do Deputado Estadual Nelson Proença; do Senhor Paulo Machado,
Presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre -
UMESPA; da Senhora Alda Alves, Presidenta do Clube de Mães Amizade; da Senhora
Clair da Silva Charqueira, Vice-Presidenta do Conselho Municipal de Mães de
Porto Alegre; da Senhora Gládis Monteiro, Mãe do Ano/98 de Porto Alegre; do
Senhor Fábio Lorenzi Vianna, Secretário-Geral da União Gaúcha dos Estudantes -
UGES; do Senhor João Luiz dos Santos, Presidente Municipal do Partido Comunista
do Brasil - PC do B; da Senhora Regina Vargas, representante da Anistia
Internacional. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maristela Maffei discorreu sobre a
formação histórica, evolução cultural e ocupação geográfica dos povos que
habitam os países ex-integrantes da Iugoslávia, salientando a importância da
defesa dos interesses das minorias étnicas como garantia da manutenção dos
direitos humanos e manifestando sua contrariedade à intervenção militar
promovida pela OTAN na região dos Bálcãs. Na ocasião, o Senhor Presidente
registrou a presença de professores e alunos da Pré-Escola Carrossel, e da Senhora
Hebe Tourinho, Coordenadora do Programa de Saúde - Região Brasil do The
Soroptimist International of Americas - SI Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Antônio Losada analisou os efeitos sócio-econômicos resultantes dos
combates observados na região dos Bálcãs, examinando os motivos que levaram os
países integrantes da OTAN a interferirem nesses combates e propugnando pela
adoção de medidas de ordem diplomática que viabilizem o fim das hostilidades e
a manutenção da paz naquela área. O Vereador Renato Guimarães, reportando-se a
artigo publicado no jornal Folha da História desta semana, afirmou que a
intervenção militar promovida pela OTAN fere a soberania dos países envolvidos
nos conflitos na região dos Bálcãs, criticando os bombardeios realizados contra
cidades localizadas na província de Kosovo. Também, manifestou-se sobre a
política econômica que vem sendo adotada pelo Governo Federal. O Vereador Luiz
Braz, ao externar sua solidariedade às vítimas da guerra travada na região dos
Bálcãs, destacou a importância do diálogo e do respeito entre os povos como
forma de solução pacífica dos conflitos e manutenção da paz. Também, criticou a
atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo Municipal. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann expôs dados relativos à
intervenção das tropas da OTAN nos conflitos que estão acontecendo nas
repúblicas que formam a Federação Iugoslava, examinando a influência exercida
pela Organização das Nações Unidas - ONU no referente à situação e fazendo um
comparativo entre os combates travados na região e situações similares
ocorridas no Golfo Pérsico e nas Ilhas Malvinas. A seguir, foi apresentada a
música "Artistas y Equilibristas", interpretada pelo Show Musical La
Salle de Canoas. Às quinze horas e vinte e cinco minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e vinte e oito
minutos, constatada a existência de “quorum”. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 29, 31, 32 e
30/99, este discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Maristela Maffei,
Antônio Losada, José Valdir e Renato Guimarães, o Projeto de Lei do Executivo
nº 04/99, o Projeto de Resolução nº 13/99. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Isaac Ainhorn procedeu à análise do Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99, que
institui a participação da comunidade na definição dos investimentos em obras e
serviços para o plano plurianual, de diretrizes orçamentárias e do orçamento
anual no Município. Também, comentou dados relativos ao funcionamento do
Programa de Orçamento Participativo instituído em Porto Alegre. O Vereador Luiz
Braz manifestou seu apoio ao Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99. Também,
pronunciou-se a respeito do Programa de Orçamento Participativo ora implantado
em Porto Alegre, criticando a sua sistemática de operação e destacando a necessidade
de que esse Programa seja normatizado pela Casa, a fim de garantir o seu
caráter institucional através da vigência de lei que o defina. O Vereador
Carlos Alberto Garcia relatou ter participado de reunião com permissionários do
serviço de transporte escolar e universitário da Região Metropolitana,
denunciando a realização, pela Empresa Pública de Transporte e Circulação -
EPTC, de autuações sistemáticas contra os veículos utilizados nessa atividade e
propugnando pelo efetivo acompanhamento da questão por parte deste Legislativo.
O Vereador João Dib teceu considerações acerca da necessidade de que problemas
de Porto Alegre não abrangidos pelo Orçamento Participativo também sejam
solucionados, analisando questões referentes à responsabilidade a ser assumida
por detentores de cargo público e propugnando pela continuidade do debate em
torno da institucionalização do Orçamento Participativo na Capital. O Vereador
Antonio Hohlfeldt referiu-se à atuação do Governo Estadual nos primeiros meses
do ano, criticando a troca de comandos na Brigada Militar e a discussão
instalada a respeito da criação de uma Secretaria do Meio Ambiente. Ainda,
procedeu à denúncia de falta de condições no desempenho de funções da
Secretaria Estadual de Agricultura, em especial na área de fiscalização. O
Vereador Décio Schauren comentou o Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99, de
autoria do Vereador Isaac Ainhorn, afirmando que a aprovação deste Projeto
implica inibição da participação popular. Também, falou sobre a elaboração das regras
de participação da comunidade na execução do orçamento municipal. O Vereador
Reginaldo Pujol manifestou-se favoravelmente à proposta do Vereador Isaac
Ainhorn, de institucionalizar a participação dos porto-alegrenses nas decisões
quanto a obras a serem realizadas na Cidade, afirmando que o Orçamento
Participativo deve merecer maior atenção por parte da Casa e, através de sua
discussão, ser melhor entendido e aplicado no Município. A seguir, o Senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca do parágrafo único do artigo 142 do
Regimento, face Questões de Ordem formuladas pelos Vereadores Cláudio Sebenelo,
Renato Guimarães e Isaac Ainhorn. A seguir, constatada a existência de
"quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal
do Vereador Renato Guimarães, solicitando alteração da ordem de apreciação da
matéria constante na Ordem do Dia. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos
acerca do encaminhamento a ser dado pela Casa a Requerimentos de teor similar
ao Requerimento nº 97/99, face Questões de Ordem formuladas pelos Vereadores
Isaac Ainhorn e Renato Guimarães. Às dezessete horas e três minutos, os
trabalhos foram suspensos, sendo retomados às dezessete horas e cinco minutos,
constatada a existência de “quorum”. Foi aprovado o Requerimento nº 97/99
(Processo nº 1402/99 - Moção de Solidariedade à Comissão Parlamentar de
Inquérito que apura irregularidades no sistema financeiro do País), de autoria
do Vereador Luiz Braz, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz,
Elói Guimarães, Reginaldo Pujol, João Dib, Renato Guimarães e Antonio
Hohlfeldt. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Antonio
Hohlfeldt, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na
Ordem do Dia. Foi aprovado o Requerimento nº 99/99 (Processo nº 1414/99 -
autorização para representar esta Casa na Audiência Pública sobre o tema
"Segurança", a ser realizada nos dias vinte e nove e trinta de abril
do corrente, em Alegrete/RS), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal. Às
dezessete horas e quarenta e seis minutos, constatada a inexistência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Adeli Sell, e secretariados pelos
Vereadores Adeli Sell e Paulo Brum, este como Secretário "ad hoc". Do
que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Está com a palavra a Vera. Clênia
Maranhão, para um Requerimento.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Requerimento): Sr. Presidente, faço um Requerimento no
sentido de que o período das Comunicações seja o primeiro na ordem dos
trabalhos da Sessão de hoje.
O SR. PRESIDENTE: Colocaremos em votação o Requerimento de
V. Exa. na hora oportuna, nobre Vereadora.
Está
com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol para um registro em Plenário.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, quero registrar a
presença entre nós do Vereador Presidente da Câmara Municipal de Turuçu, Ilvo
Stark Beiersdorf, do Sr. Secretário da Câmara Municipal de Turuçu Ver. Nedy
Lande Gass Filho, e ainda do Ver. Pedro Antônio Tuchtenhagen, todos do Partido
da Frente Liberal.
0 SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, o registro feito
por V. Exa. engrandece esta Casa, com a presença destes Colegas, numa
representação expressiva do Partido de V. Exa.
Para
um Requerimento tem a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Requerimento): Se a Vera. Clênia Maranhão permitir quero
acrescentar ao Requerimento de S. Exa. que, quando da votação dos Projetos,
pudéssemos dar prioridade ao Projeto que concede o prêmio literário Érico
Veríssimo ao Bibliógrafo Pedro Leite Villas-Bôas.
O SR. PRESIDENTE: O Requerimento de V. Exa. está registrado
e será votado após o período das Comunicações.
Em
votação o Requerimento que solicita a inversão da ordem dos trabalhos, para que
possamos, inicialmente, entramos no período de Comunicações. Os Sr. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos
às
COMUNICAÇÕES
Convidamos
para fazer parte da composição da Mesa Diretora dos Trabalhos o Representante
do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Ricardo Gothe; O Presidente do
Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Sr. Jair Krischke.
A
Vera. Clênia Maranhão está com a palavra.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, autoridades que compõem a Mesa; lideranças porto-alegrenses que
estão conosco neste ato. Saúdo todas as entidades, as entidades estudantis, os
Clubes de Mães, a Federação das Mulheres, as Igrejas, as Entidades de Defesas
dos Direitos Humanos; as que lutam pela paz e a todas as pessoas que nos
acompanham nesta tarde.
Inicialmente,
quero agradecer a todos os Vereadores desta Casa que, por unanimidade, optaram
em pararmos as discussões internas dos nossos trabalhos para discutirmos a
questão da Paz Mundial. Quero registrar ainda que o fato de eu ter representado
esta Casa na Conferência Mundial das Mulheres que ocorreu em Paris, onde pude
ter um quadro, uma visão mundial dos conflitos, hoje existente em todo o
Planeta, me deu a maior oportunidade de, conhecendo essa realidade, poder
ampliar e intensificar o meu compromisso pela Paz.
Quero
dizer que está tramitando uma proposta, no Plenário, para que na próxima
sexta-feira esta Casa pare ao meio-dia os seus trabalhos para que todos nós,
Vereadores, com todas as entidades e lideranças que assim o desejarem, ocupemos
a esquina Democrática, na Rua da Praia, e façamos a distribuição de manifesto
pela Paz. O fato de nós estarmos hoje discutindo essa questão é motivado
principalmente pela atual situação de conflito, que todos nós temos acompanhado
pela mídia, no Continente Europeu.
Nós
sabemos que o Século XX foi marcado por conflitos que se aguçaram exatamente
pela concentração de poder nas mãos de poucos países e pela diferença entre os
países ricos e os países pobres. A atuação desses países têm sido no sentido de
procurar participar desses conflitos de uma forma intervencionista. Mas o ódio
e o ressentimento que surgem inevitavelmente desses ataques, não são
solucionados, nem nas gerações vitimizadas por eles, nem nas gerações que as
sucedem. O motivo alegado é de solidariedade, mas, fica claro que há uma
indignação seletiva por parte dos países membros da OTAN nas questões dos
conflitos internos. Os bombardeios que acontecem na Iugoslávia, desde o dia 24
de março, elucidam muito bem esse tipo de avaliação hipócrita expressa por
todos os países que compõem a OTAN. Nós sabemos, evidentemente, que esses
organismos internacionais não representam os interesses humanitários. As guerras
que proliferam são usadas como instrumento de estado, de dominação, de
estratégia para o controle do Planeta e de resposta às pressões armamentistas
das empresas. Mesmo às portas do século XX, vemos que em todos os Continentes
acontecem conflitos armados, expulsões de populações, novos refugiados e novas
pessoas que se deslocam dentro do seu próprio território. A guerra da OTAN
contra a Iugoslávia não é um fato isolado dos interesses políticos, é uma
tentativa da OTAN passar por cima daquilo que é definido pela ONU, como limite.
É, portanto, uma estratégia para o fortalecimento do poderio americano, que
invade um país com território reconhecido internacionalmente. E, evidentemente,
para isso prepara uma versão. O pentágono preparou a opinião pública mundial
para a invasão, contando a história de que lhe daria respaldo para os futuros
bombardeios. É uma história contada mais ou menos assim: A OTAN, por motivos
humanitários, vai bombardear a Iugoslávia, e salvará a vida de milhões de
pessoas da ira de um ditador em um reino distante chamado Kosovo. Será algo
cirúrgico e humanitário, onde as forças do bem vencerão rapidamente as forças
do mal. Esta versão foi, inclusive, incorporada por pacifistas do passado. O
próprio escritor, prêmio Nobel da Paz Elie Wesel, exclamou: “Esta é uma guerra
Justa”!
Esta
guerra, além de todas as atrocidades inerentes a qualquer guerra, também
transformou em agressores alguns líderes da luta pela liberdade da década de
sessenta. Dividiu a militância de partidos ingleses, franceses, de pessoas que
acreditávamos eram pacifistas. Ela nos fez sentir saudade da juventude de
Woodstock, dos hippies que defendiam
com tanta garra o fim da guerra do Vietnã. Nos fez sentir uma dor infinita pela
perda de John Lennon. Ela pode parecer tão longe, mas essa guerra está tão
perto. É uma guerra que acontece na Europa, no que nós nos acostumamos a chamar
de “coração humanístico da sociedade ocidental”. Belgrado, capital da
Iugoslávia, que está sofrendo o maior bombardeio desde a II Guerra Mundial, fica
a 800 quilômetros de Florença, a 960 quilômetros de Munique, a 1600 quilômetros
de Paris e apenas 560 quilômetros de Atenas. É um país europeu, e que foi assim
reconhecido por uma longa trajetória de luta de seu povo. Não faltam motivos
para a nossa indignação e nossa luta.
Que
para o século XXI nós possamos estar cada vez mais organizados em defesa da
paz, da justiça e de qualquer discriminação feita contra qualquer povo em nome
das diferenças étnicas, religiosas ou econômicas.
Para
concluir, Sr. Presidente, queria terminar o meu pronunciamento relembrando uma
frase de uma música de Vinícius de Moraes que foi, inclusive, citada no ato
recente que o Senado brasileiro fez, também, pela paz. O poeta Vinícius, em
“Rosa de Hiroshima”, dizia assim: “Pensem nas meninas cegas, inexatas; pensem
nas mulheres, rotas alteradas; pensem nas feridas, como rosas cálidas, mas não
esqueçam da rosa, da rosa, da rosa de Hiroshima. Da rosa hereditária, da rosa
radioativa, estúpida, inválida, a rosa com cirrose, a rosa anti-rosa atômica,
sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada.” Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Teremos, neste momento, a apresentação da
música “Va pensiero” interpretada pelo Show Musical La Salle de Canoas sob a
coordenação do professor Caudionor Lima.
(Apresentação
do Show Musical La Salle que interpreta a música “Vá pensiero”.)
Eu
solicitaria que a Vera. Clênia Maranhão esclarecesse, no microfone de apartes,
se uma caminhada que estava organizando, relativamente ao tema, está-se
concretizando, para que os Vereadores dela tomassem ciência.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, foi uma proposta que
surgiu dos Vereadores de todas as Bancadas: que na próxima sexta-feira, ao
meio-dia, nós suspendêssemos a Sessão desta Casa e todos os Vereadores,
juntamente com as pessoas que estão aqui, bem como as que querem se envolver
nessa luta pela paz, igrejas, entidades, fôssemos até a Esquina Democrática, na
Av. Borges de Medeiros com a Rua da Praia, para distribuirmos o manifesto pela
paz mundial.
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Vera. Clênia Maranhão.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na data de hoje, por iniciativa da
Vera. Clênia Maranhão, esta Casa interrompe a seqüência normal dos seus
trabalhos para destinar esse espaço de Comunicações a homenagear a luta em
defesa da paz.
Em
verdade, ao longo de toda a história da civilização, se há um objetivo que em
todas as épocas buscou-se afanosamente, este é alcançar a paz e a harmonia
entre os homens, até como um estágio de civilização, a credenciar aquelas
sociedades que lograram encontrar-se perto desse objetivo. Digo bem quando falo
“perto do objetivo” porque essa luta tem sido persistente ao longo do tempo, e,
com freqüência, registramos a frustração daqueles que nela se empenham, na
medida em que o seu alcance completo tem sido a frustração da humanidade. Desde
remotos tempos, os romanos, sabiamente, justificavam os preparativos para a
guerra dizendo que quem queria a paz tinha que estar preparado para a guerra.
Segundo o provérbio latino: “Si vis pacem, para bellum”.
O
século XX, que se encontra nos seus estertores, foi marcado, lamentavelmente,
por conflitos motivados pelas mais variadas razões e pelas mais diversas
justificativas. Desde a luta pela igualdade social até a tentativa de
purificação racial, todos os objetos, todas as razões, Ver. Isaac Ainhorn, têm
sido motivo para que o objetivo do alcance da paz universal não logre ser
alcançado.
Então,
neste dia em que a Casa se insere na luta pela defesa da paz, em que o
descortínio da Vera. Clênia Maranhão nos permite essa reflexão, não haveria
razão nenhuma para que nos calássemos nesta hora e deixássemos de oferecer os
nossos comentários, na medida em que essas constatações negativas que fazemos
nos indicam que, durante todo o século XX, em todos os momentos, em algum ponto
do planeta, por um motivo qualquer, houve conflitos bélicos a comprometer o
objetivo da paz .
Hoje
mesmo, numa situação até um tanto quanto inexplicável, um tanto quanto
paradoxal, na busca de se conter o que é anunciado como sendo um extermínio
étnico, intervenções bélicas se dão em plena Europa, na Europa milenar que, ao
longo do tempo, acumulou cultura, desenvolveu a civilização, mas que não
superou esse impasse paradoxal de que o homem quanto mais evolui mais se
compromete com atividades bélicas.
Isso
dá oportunidade a que alguns românticos digam que o Brasil é um País que tem-se
caracterizado por resolver inúmeras situações de forma a contornar o confronto
e o enfrentamento, a postura belicosa, o que, se não deixa de ser verdade, não
é nada de que possamo-nos jactar com tanta veemência a ponto de esquecer que
estamos envolvidos num contexto que, em todo o instante, em todo o momento, nos
assinala estes pontos negativos.
Quero,
em nome do PFL, além de dar as boas-vindas e fazer as homenagens devidas
àqueles que representam esse movimento da luta em defesa da paz, especialmente
ao Dr. Jair Krischke, dizer que esses esforços isolados que aqui ou acolá se
realizam, essas reflexões que se processam, longe de ser uma utopia, é a
determinação de uma persistência.
Concluo,
dizendo que todas essas aparentes frustrações, essas situações negativas que
podem e devem ser gizadas, não devem ser motivo para o esmorecimento.
Então,
aqui na Câmara Municipal, todas as Bancadas estão solidárias com a Vera. Clênia
Maranhão na sua proposta e, certamente, haveremos de acompanhá-la na marcha que
pretende realizar na próxima sexta-feira, até a Esquina Democrática, onde todos
nós, pelo menos num gesto, haveremos de demonstrar a concordância com o
movimento que ali se estabelece.
Vamos,
para evitar a guerra, preparar a paz, e a paz se encontra pelo entendimento, pela
boa-vontade e, sobretudo, pela tolerância entre os povos, as nações, as
pessoas.
É
esta a nossa posição, a posição do Partido da Frente Liberal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila ): Registramos, com muito prazer, a
presença da Sra. Regina Vargas, da Anistia Internacional, que é considerada
como extensão da Mesa.
A
Vera. Maristela Maffei está com a palavra em Comunicações.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr.. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) O Território Iugoslavo está sob
intenso bombardeio. As forças conjuntas da OTAN, formadas basicamente por
ingleses e americanos, lançam seus mísseis e aviões em um ataque preventivo. A
França, apesar de não pertencer ao setor militar da aliança ocidental, também
participará da operação balcânica. Seu objetivo: destruir a resistência do
governo Slobodan Milosevic, presidente iugoslavo, em aceitar um acordo
separatista da província de Kosovo, parte das fronteiras do seu país.
Os dirigentes ocidentais reivindicam, como
motivo de sua ação, os direitos de secessão do povo kosoviano, de maioria
albanesa e muçulmana. Há sinais, diz o New
York Times, de que os esforços em nutrir a guerrilha separatista de
condições bélicas para derrotar o Estado Iugoslavo deram resultados pouco
satisfatórios. A OTAN e os EUA acusam os iugoslavos de desrespeito aos direitos
humanos e de tentativas de limpeza étnica. Apresentam, assim, à opinião pública
internacional, um discurso moralmente justificado para soltar seus cães de
guerra. A estratégia da OTAN para dividir e liquidar a República Iugoslava
chega ao seu décimo ano e à sua conclusão. Fundada como uma aliança entre seis
distintas nacionalidades - Eslovênia, Croácia, Bósnia, Montenegro, Macedônia e
Sérvia -, a Iugoslávia nasceu da vitória antifascista comandada por Josip Broz
Tito, em 1945. Ocupando uma posição geográfica fundamental no equilíbrio
europeu por suas fronteiras com o leste e com a península itálica, foi sempre
uma peça decisiva nos jogos de poder deste século. Continuou a sê-lo após a
Guerra Fria.
Ao
contrário de outros países aliados à União Soviética, Tito e seus compatriotas
não haviam dependido da intervenção do Exército Vermelho para expulsar o
invasor nazista e seus aliados internos. A ascensão dos comunistas iugoslavos
foi conquista de uma revolução popular que tornava possível uma vida
independente e o fim das guerras balcânicas. Também navegando em sentido oposto
a seus vizinhos do leste, os anos 90 não significaram o retorno das velhas elites
ao centro do poder em Belgrado. Em um contexto de profundo isolamento, os
dirigentes iugoslavos fizeram do ideário nacionalista e unitarista seu programa
de sobrevivência. Diante de condições operacionais bastante distintas das que
haviam encontrado em outras repúblicas dispostas à restauração capitalista, os
círculos mais agressivos do mundo ocidental formularam uma orientação diferente
para enfrentar o problema iugoslavo. Fixaram, como objetivo, o desmembramento
da república, insuflando os setores separatistas e colocando a sua disposição
apoio logístico e militar. Com essa política, conquistaram a separação da
Eslovênia, Croácia, Macedônia e Bósnia, e formaram um cordão contra uma Iugoslávia resumida à aliança entre os sérvios e
montenegrinos.
Essas
primeiras etapas da estratégia ocidental foram ultrapassadas às custas de
conflitos internos e uma longa guerra civil, na Bósnia, entre sérvios e
muçulmanos. A batalha de Kosovo é um novo capítulo desse curso geopolítico que
aos olhos norte-americanos e europeus cria as possibilidades de um ataque
direto a Belgrado. Os governantes das grandes potências não escondem de ninguém
que, por cima de qualquer preocupação com o futuro independente de Kosovo,
desejam mesmo é a capitulação incondicional da direção iugoslava.
A
campanha da mídia é fenomenal. Os iugoslavos são apontados como criminosos,
desumanos, genocidas sem compaixão e xenófobos alucinados. Ao próprio Milosevic
apelidaram de “Açougueiro dos Bálcãs”. Certamente os iugoslavos cometeram suas
atrocidades para manter a unidade de seu país, mas não estão sendo punidos
pelos seus delitos de sangue. O crime pelo qual agora recebem a pena máxima é o
de resistir à desintegração e aos ditames estabelecidos pelos Estados Unidos e
seus aliados. A inexistência de uma força de contenção, papel antes exercido
pela União Soviética, deixa os americanos de mãos livres para assumir seu papel
de gendarme do mundo ocidental. Desrespeitam a autodeterminação dos povos e das
instituições internacionais. As nações agredidas estão por sua própria conta e
o máximo a que podem aspirar é à simpatia dos setores antibelicistas e
democráticos que se recusam a dobrar o joelho diante dos norte-americanos.
Senhoras
e Senhores, na África do Sul, na Palestina e no Brasil, na verdade, a forma de
eliminar a soberania dos povos é matando, aos poucos, nossa população, com a
miséria, com um salário indigno, com o que nós não podemo-nos conformar, muito
menos concordamos com a morte e o desaparecimentos de tantas etnias, sem falar
aqui dos povos sul-africanos, sem falar aqui, mais especificamente, na questão
dos Palestinos e tantas outras raças que não interessam ao poder da
globalização.
Portanto,
também temos que chamar à responsabilidade, aqui, quando o nosso Presidente vai
para os meios de comunicações e acha que é importante que soldados brasileiros
façam parte dessa guerra para destruir irmãos do Sul do mundo, como no Norte,
no Leste, de qualquer parte, que também são discriminados, são alijados da
participação popular e de uma sociedade mais justa. Não basta termos liberdade
para entrar no supermercado para comprar alguma coisa, porque acabamos não
tendo condições de exercer esse direito, por causa do nosso salário indigno e
injusto. Essa também é uma forma de morte que deve ser denunciada. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Temos a satisfação de receber aqui os
alunos e a Profa. Priscila, da Pré-Escola Carrossel, que nos honram com suas
presenças.
Registro
também a presença da Sra. Hebe Tourinho, Coordenadora do Programa de Saúde
Região Brasil.
O
Ver. Antônio Losada está com a palavra em Comunicações.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Saúdo a Vera. Clênia Maranhão, pela
iniciativa. Nós acompanhamos pela grande mídia os acontecimentos ocorridos na
1ª grande Guerra Mundial, em 1914, e na 2ª Guerra Mundial, em 1938. Essas
guerras marcaram profundamente um sofrimento muito grande sobre a humanidade e,
até hoje, existem seqüelas. Sem dúvida, a história não pode regredir, mas a
brutalidade da guerra, a violência, a crueldade, o poder econômico, resultantes
dos investimentos na preparação destes conflitos, são enormes. E, naturalmente,
esse crimes, com armas moderníssimas, marcam sensivelmente as camadas mais
pobres; marcam os Continentes mais pobres. Acrescente-se a isso a miséria,
acrescente-se o atraso e uma violência inigualável. Nós vivenciamos parte da
grande mobilização mundial em favor do término da 2ª Guerra Mundial,
mobilização que, hoje, aqui nesta Casa, e que, possivelmente, em outras Câmaras
de Vereadores, estão ocorrendo, através de atos como este no sentido de
contestar esta violência que está ocorrendo nos Bálcãs. Esta grande mobilização
pelo cessamento do conflito da 2ª. Guerra Mundial, sem dúvida, foi uma
mobilização mundial, uma das coisas mais belas da humanidade. Estas guerras
tiveram um objetivo econômico, de dominação estratégica. O interesse do grande
capital estava em disputa nessas ocupações de espaços.
O
conflito dos Bálcãs, a causa do conflito, é uma disputa por um espaço
geograficamente estratégico para a OTAN, local onde se situam os povos em
conflito étnico e político como a Sérvia, Albânia, Kosovo-Iugoslávia. As
conseqüências são mais terríveis do que a causa: o incentivo à violência e
retorno à já ultrapassada, mas resgatada, idéia de domínio do mundo pelas
superpotências, especialmente os Estados Unidos, colocando no cenário
internacional o poder do imperialismo de interferir nos conflitos culturais,
políticos e étnicos de outras nações; até o momento, há centenas de civis
feridos e mortos; as negociações estão lentas, quase inexistentes; não há
perspectiva de término do conflito; coloca-se, assim, uma perspectiva de
eclosão de uma III Guerra Mundial; evidencia-se a contradição daqueles que
dizem que pregam a paz, mas que promovem a guerra em nome da paz. Tenho a
certeza de que, sem a menor dúvida, hoje se inicia na nossa Cidade, na nossa
Capital, o primeiro passo de outros tantos que serão dados no sentido de
alterar esse estado de coisas, esses crimes que estão ocorrendo naquela região,
e nós, efetivamente, vamos promover a paz, vamos promover a justiça social e a
igualdade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra em Comunicações.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores.
Em primeiro lugar, quero destacar a importância deste momento de reflexão que a
Vera. Clênia Maranhão nos propiciou. Em segundo lugar, quero fazer o registro
da existência de dois Requerimentos que foram protocolados para tratar sobre o
mesmo assunto; um, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que também faz uma
reflexão sobre a guerra nos Bálcãs, e outro de autoria deste Vereador pedindo
uma Moção de Repúdio à OTAN pela tática de guerra adotada nos Bálcãs.
Quero
dizer que, além da disputa localizada na Europa, há uma outra grande disputa
entre a OTAN e a ONU para definir quem, de fato, manda, quem é o “xerife” do
mundo. A OTAN segue com atos de ingerência militar sobre áreas na Europa para
desqualificar a posição que a ONU vem tendo em relação a intervenções militares
que lesam a soberania de alguns países. Na realidade, a OTAN é uma ferramenta
do imperialismo dos Estados Unidos. O que estamos vendo hoje, na realidade, é a
consolidação de um estado imperialista que quer resolver de qualquer forma os
conflitos, buscando os seus interesses.
Quando
se faz uma discussão sobre a guerra de Kosovo, é interessante observar que, ao
se dizer que a OTAN está defendendo os albaneses, isso deve ser colocado entre
parênteses, na verdade, ela está militando por interesses estratégicos naquela
região, que é rica em minerais e em petróleo. É importante que se registre que
o interesse dos Estados Unidos não é só o de proteger albaneses, mas, sim
colocar a mão nas riquezas que pertencem àquela região.
Neste
momento de reflexão é importante registrar também que quem levou ao poder
Milosevic foi a própria OTAN e os próprios Estados Unidos, que incentivaram a
destruição da Federação Iugoslava. É interessante que se registre, aqui, que,
hoje, o racista que está lá foi construído pelos Estados Unidos. Temos que
fazer esse registro para dizer que foram eles quem construíram a figura que
pretendem, hoje, destruir.
Nós
temos que debater a paz no sentido de responsabilizar quem está fazendo a
guerra. Deve ser feita a reflexão da responsabilidade de quem promove a guerra.
Essa guerra não é uma guerra que caminha no sentido de construir a paz, é uma
guerra que caminha no sentido de destruir um povo. Há outro registro importante
que deve ser feito aqui, que é a forma de intervenção da OTAN, porque está
acabando com a soberania e território da Iugoslávia e que em nada promove a
proteção dos albaneses. Todos nós estamos acompanhando, através das diversas
matérias nacionais e internacionais, o fato de que muito mais albaneses estão
sendo mortos pelas investidas da OTAN do que pelo conflito com os sérvios.
Então,
que intervenção é essa que tem como principal justificativa a defesa dos
albaneses se eles próprios estão sendo alvos das investidas da OTAN?
Esses
registros são interessantes para que possamos fazer o debate sobre a questão da
paz.
Nós
estamos entrando no terceiro milênio e ainda temos que conviver com a barbárie
de guerras desse tipo, de guerras que desconsideram uma nação, um povo, porque
bombardeiam, alegando que são bombardeios cirúrgicos, bombardeando hospitais,
instituições e loteamentos de civis. É interessante que se diga que isso é uma
mentida. A tática da OTAN é uma tática de destruição da soberania iugoslava.
Essa
guerra da Iugoslávia nos faz refletir sobre a questão de “a vida é bela”. Que
vida bela é essa que temos nesse final do milênio e na entrada do novo? Que
vida bela é essa se o império dos Estados Unidos intervém onde ele quer?
Intervém no Brasil, de forma econômica, instalando um escritório do Fundo
Monetário Internacional em Brasília e ditando para o Banco Central e para o
Ministério da Fazenda quais são as regras, quais são os cortes, Ver. João
Carlos Nedel. Que regra é essa, que vida bela é essa que faz com que os Estados
Unidos bombardeie uma nação, coloque o Fundo Monetário Internacional no Brasil
e diga que tem que cortar a verba da saúde, tem que cortar a verba da
assistência social? Essa reflexão é necessária que a gente faça para construir
outras alternativas para o terceiro milênio e, com certeza, não é a alternativa
da OTAN, não é a alternativa dos Estados Unidos, que querem um ALCA, sim, na
América, um ALCA para abrirem todas as fronteiras e comércios e poderem definir
quem vende o que no Brasil, acabar com a nossa soberania, Ver. Pedro Américo
Leal. Não é essa a vida que nós não queremos. Nós não queremos a intervenção
equivocada da OTAN na Iugoslávia, mas também não queremos a alternativa da
mesma OTAN disfarçada de Fundo Monetário Internacional que dita as normas do
que o Governo Fernando Henrique Cardoso tem que fazer aqui no Brasil, fazendo
cortes em áreas prioritárias, áreas que levam à morte o nosso povo. Então, esse
é o debate, cidadãs e cidadãos de Porto Alegre; o debate da paz é esse, é em
defesa da soberania.
A
guerra nos Bálcãs vem de seiscentos anos, tem um conjunto de fatores que
envolvem disputa de territórios, etnias, religião, guerras entre famílias e não
é com bombardeio e também não é com a intervenção falsa, com a intervenção
falsa, mascarada dos Estados Unidos no Brasil, através do Fundo Monetário
Internacional que vamos construir um terceiro milênio que resgate a condição de
humanidade. Nós queremos construir uma humanidade nesta Terra, e não queremos
construir o caminho da destruição. Portanto, fecho a minha intervenção dizendo
que é muito importante o encaminhamento feito pela Vera. Clênia Maranhão, no
sentido de que façamos um ato público nesta Cidade puxado pela Câmara de
Vereadores, dizendo que nós somos contrários à guerra na Europa, e que nós
somos contrários, Ver. Pedro Américo Leal, a enviar um cidadão do Brasil para
guerrear numa guerra que lá exista; nós somos contrários a isto. Portanto, esta
Casa a partir de hoje, tem que tomar medidas concretas, encaminhar ao Senhor
Presidente da República a nossa posição, nós não queremos um militar, um
cidadão brasileiro envolvido numa guerra que nós, na realidade, repudiamos.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em
Comunicações.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Cumprimento os clubes de mães que
estão aqui representados. Por falar em paz, há duas figuras que têm que ser citadas
pela contribuição que dão para a paz com o trabalho que executam no Clube de
Mães Amizade, minhas amigas Gládis e Alda, que estão aqui presentes. A Gládis é
Mãe do Ano de 1998 e merece o nosso abraço e os aplausos de toda a sociedade do
Rio Grande do Sul.
Eu
ouvi muitas palavras para exaltar a paz, mas todas elas, na verdade, foram
palavras vinculadas à guerra. Citaram apenas um tipo de guerra; aqui foi muito
citada a ação da OTAN no território da Iugoslávia, o que está infelicitando
todo aquele povo e enchendo todo o mundo de um sentimento muito especial de
solidariedade àquelas pessoas.
Existem
outros tipos de atentados contra a paz que nós devemos ressaltar da tribuna e
que, por estarem muito próximos a nós, têm de ser vistos de uma forma mais concreta,
porque aqui nós podemos atuar. Eu cumprimento a Vera. Clênia Maranhão pelo
Requerimento que dá a oportunidade para esta Sessão. Por exemplo, Vereadora, há
homens na Administração Municipal de Porto Alegre que não cumprem a legislação;
isso é um atentado contra a paz. São mentiras, engodos, farsas nas relações
entre os homens, aliás, um espetáculo muito comum nos dias atuais. Eu poderia
citar inúmeras ações. Por exemplo, eu estava conversando com meu amigo Ver.
Cláudio Sebenelo e ele me lembrava da invasão violenta do Parque Náutico do
Beira Rio, um atentado contra paz; a morte do PM em pleno Centro de Porto
Alegre, num dia de Ação do Movimento dos Sem Terra, na verdade foi um grande
movimento contra a paz. A invasão da Assembléia Legislativa, que foi uma forma
de atentar contra o Poder Legislativo - um grande atentado contra a paz. Nós
temos um sem número de ações muito próximas de nós, Ver. Pedro Américo Leal,
que nos envergonham, que, na verdade, apenas colaboram para que nós não
tenhamos paz. Aliás, eu acredito que, enquanto nós estivermos utilizando a
palavra paz apenas para fortalecer as nossas posições partidárias e
ideológicas, dificilmente nós vamos ter paz, e acho que a verdadeira paz nós
vamos encontrar somente no instante em que nós estivermos procurando esta
palavra paz, o significado desta palavra paz no local correto, no lugar certo.
Eu
fiz, aqui, muitas críticas, eu aqui citei várias ações, vários fatos que servem
exatamente para criticar essas pessoas que atentaram contra a paz. Mas mesmo
esta minha atitude aqui da tribuna, como também a dos outros oradores que por
aqui passaram, Ver. Pedro Américo Leal, muito pouco colaboraram para que o
verdadeiro significado da paz pudesse ser encontrado. Por quê? Porque, na
verdade, nós estamos falando da paz apenas dentro do nosso conhecimento
ideológico, dentro da defesa que fazemos dos grupos aos quais nós pertencemos.
Eu acredito que isso, na verdade, é muito pouco, e isso é falso, e tudo o que é
falso não colabora para a paz. A verdadeira paz, Ver. Pedro Américo Leal, se
nós realmente quisermos encontrá-la, nós vamos ter que procurar dentro de cada
um de nós. Nós vamos, na verdade, ter que fazer com que cada um de nós possa
mergulhar no nosso interior, no interior de cada um para poder encontrar os
verdadeiros motivos desta paz. É preciso que cada um de nós possa se
autoperguntar: o que eu fiz para que a paz pudesse ser proclamada neste País?
Não apenas procurar criticar os atos, as ações de quem quer que seja, porque se
isso nós procurarmos, vamos encontrar vários e vários motivos. Eu mesmo citei
aqui algumas poucas ações; não precisou muita pesquisa para que nós
encontrássemos atos, aqui, na nossa própria Administração que fazem com que a
paz não possa ser encontrada. Mas se nós realmente tivermos essa ação de
procurarmos a paz no nosso próprio interior, se cada um de nós procurar fazer
uma ação, uma auto-análise para que a paz possa ser proclamada, primeiramente,
nos limites do nosso ser, eu tenho certeza de que logo o nosso exemplo poderá
estar sendo seguido por muitas e muitas pessoas, e aí as nossas ações realmente
terão validade, porque senão, Ver. Pedro Américo Leal, as nossas palavras
soarão apenas como falsidade, soarão apenas como defesas ideológicas, soarão
apenas como defesa de nossos grupos e muito pouco se fará em defesa da paz.
Eu
quero, Vereadores, Senhoras, Senhores, que nós procuremos a verdadeira paz, mas
não precisamos ir longe, não precisamos ir, na verdade, a lugar nenhum: temos
apenas que fazer esse mergulho em nosso próprio interior, procurar dentro de
nós mesmos aquilo que, muitas vezes, procuramos por aí afora, e é claro que não
vamos encontrar, porque não existe lá fora; ela só pode existir dentro de cada
ser, e eu gostaria de que, nesse exato instante, cada um pudesse fazer essa
introspecção, cada um pudesse fazer essa auto-análise para que a Paz pudesse, a
partir deste instante, quem sabe, ser proclamada no território dos limites do
nosso ser. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Vereador Lauro Hagemann está com a
palavra, para uma Comunicação de Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ilustres
representantes do Prefeito Municipal, do Movimento de Direitos Humanos e da
Anistia, que compõem a Mesa. Esse ato provocado por ação da Vereadora Clênia
Maranhão tem uma destinação específica, visa a refletirmos, a reagirmos contra
o que está sendo perpretrado numa parte importante do mundo, a ex-Iugoslávia,
nos Bálcãs mais precisamente, com o retaliamento que a OTAN está fazendo
naquela região, em nome de um apaziguamento de uma campanha étnica que
estava-se revelando violenta.
Porto
Alegre não está tão distante do mundo assim. Nós fazemos parte do mundo. E é
justo que a gente se preocupe, também aqui, com essas questões internacionais,
porque elas acabam também se refletindo no nosso meio. O que a OTAN está
perpetrando nos Bálcãs pode ser considerado como o fim da Organização das
Nações Unidas. Essa entidade que surgiu há cinqüenta anos atrás, para garantir
um mínimo de convivência humana, depois da Grande Guerra Mundial, hoje perdeu o
seu sentido. Está-se revelando um gendarme unilateral do mundo, aplicando
sanções onde bem lhe aprouver. E onde bem lhe aprouver tem um significado e uma
origem muito certa: Estados Unidos da América. É de lá que provêm as
determinações para a ONU e para a OTAN. Em nome da hegemonia mundial dos
Estados Unidos, que se estabeleceu infelizmente depois da derrocada da União
Soviética, que o mundo, hoje, assiste horrorizado a essas cenas ignominiosas de
agressão às populações civis, que são as grandes vítimas desse processo.
Nós,
os comunistas do antigo PCB, tivemos uma participação muito efetiva na condução
de um processo pela paz em nível mundial, depois de 1945.
E
eu lembrava hoje, com alguns companheiros, que está na hora de revivermos, quem
sabe, o Conselho Mundial da Paz, que foi o organismo que permeou essa campanha
em favor da paz mundial. Não essa paz dos cemitérios, ninguém quer isso. Mas
uma paz capaz de proporcionar um convívio civilizado entre os diversos povos do
mundo. E não é só nos Bálcãs que está presente a guerra. E por que a guerra?
Também tem que se fazer essa pergunta.
Os
arsenais do mundo estão cada vez mais repletos de armamentos - os mais modernos
- e é preciso desovar esses armamentos. Uma dessas desovas aconteceu aqui,
perto de nós, nas Ilhas Malvinas. Há uns dois anos, aconteceu no Golfo Pérsico
e agora está acontecendo nos Bálcãs. Amanhã onde será? Modernos armamentos
precisam ser gastos, para que novos possam ser construídos e para que os
trabalhadores desses países possam manter os seus empregos e a vida deles possa
fluir, independentemente de quem tenha que morrer pela ação desse armamento
produzido.
Isso,
Srs. Vereadores, deve ser motivo da nossa reflexão e da nossa profunda
indignação, pelo que está acontecendo naquela parte do mundo. Não interessa
tomar parte nas diversas etnias ou sectarizar uma ou outra, são seres humanos
que estão sendo dizimados em nome de uma pretensa paz. Mas que paz é essa?
Por
isso, aqui, Porto Alegre, um fim de linha do mundo, nós temos que manifestar a
nossa indignação contra isso que está acontecendo. Era o que me cabia dizer
nesta oportunidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos as presenças das autoridades
que compõem a Mesa, a Sra. Maria de Lurdes Santos dos Santos, Ministra da
Igreja Messiânica, demais representantes de Deputados; o Sr. Paulo Machado,
Presidente da UMESPA; o Sr. Fábio Lorenzi Vianna, Secretário Geral da UGES; o
Sr. João Luiz dos Santos, Presidente Municipal do PCdoB; as nossas queridas
representantes dos Clubes de Mães da nossa Cidade, Sra. Alda Alves, Presidente
do Clube de Mães Amizade; a Sra. Clair da Silva Charqueira, Vice-Presidente do
Conselho Municipal dos Clubes de Mães de Porto Alegre; e a Sra. Gládis
Monteiro, Mão do Ano de 1998.
A
todos os demais participantes desta Sessão que nos honraram com suas presenças
também vai o nosso agradecimento.
Para
encerrar esta homenagem ouviremos, na interpretação do Show Musical La Salle,
de Canoas, a música “Artistas y Equilibristas”.
( O Show Musical La Salle
interpreta a música “Artistas y Equilibristas”.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos, novamente, a presença de
todos.
Agradecemos
ao Show Musical La Salle, de Canoas, pelas brilhantes músicas apresentadas sob
a coordenação do Professor Claudionor Lima.
Suspendemos
esta parte da Sessão e convidamos os Srs. Vereadores a se despedirem das
autoridades.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h25min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h28min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos
ao período de
PAUTA
(05
oradores/ 05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
1286/99 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 004/99, que institui Área Especial de Interesse
Social, na categoria de AEIS III, na gleba situada entre as UTSI 45-UTR 37 e
UTSE 47-UTP 05 do 1º PDDU com vistas à regularização de loteamento clandestino
localizado na Av. Vicente Monteggia nº 2458.
PROC.
1160/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 029/99, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que
dispõe sobre o Impacto Sócio-Econômico causado pelas obras públicas na sua área
de execução.
PROC.
1181/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 030/99, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
institui a participação da comunidade na definição dos investimentos em obras e
serviços para o plano plurianual, de diretrizes orçamentárias e do orçamento
anual no Município de Porto Alegre.
PROC.
1192/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 031/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que
estabelece as condições para cobrança do Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza, prestados através dos prefixos 900 e 0900 da telefonia fixa e móvel.
PROC.
1232/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 032/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Praça Giovanna Xavier um logradouro irregular localizado no Bairro
São José.
PROC. 1229/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 013/99, de autoria do Ver. João Dib, que concede o título honorífico de Líder Esportivo ao Senhor José Haroldo Loureiro Gomes - “Arataca”.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro):O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Pauta
do dia de hoje, em discussão preliminar, abriga o Projeto de Lei do Legislativo
nº 30/99, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, Projeto que tem tomado conta da
grande mídia desta Cidade nos últimos dias e que tem motivado a própria
comunidade, parte da qual aqui representada, com manifestações acerca do
Projeto.
Tenho,
portanto, a honra de inaugurar o debate sobre esse tema que institui a
participação da comunidade na definição dos investimentos em obras e serviços
para o Plano Plurianual de Diretrizes Orçamentárias e do orçamento anual do
Município de Porto Alegre. Essa expressão define, claramente, os objetivos do
Projeto de Lei e coroa uma luta que, há mais tempo - cerca de dez anos -, se
instalou aqui no Município de Porto Alegre, em que tentativas nesse sentido,
propostas pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Nereu D’Ávila, não lograram
alcançar o objetivo pretendido na ocasião, o que determinou esse vazio que,
agora, com muita propriedade, o Ver. Isaac Ainhorn está procurando preencher,
deflagrando, como não poderia ser diferente, esse grande embate, do qual não
nos podemos omitir, tendo que dele participar.
Em
verdade, como estabelece o artigo 1º da Lei quando assegura nos termos da Lei
Orgânica do Município de Porto Alegre e na forma dessa Lei a participação da
comunidade, a partir das regiões do Município nas etapas de elaboração,
definição e acompanhamento da execução.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, suspendo o tempo
de V. Exa. para solicitar aos Vereadores que estão conversando com pessoas que
visitam esta Casa que o façam fora do Plenário, das galerias, pois o orador
está tendo dificuldades em fazer a sua intervenção. Solicitamos ao Ver. José
Valdir e à Vera. Sônia Santos essa gentileza. Agradecemos aos Vereadores e à
assistência.
A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente, eu e o Ver. José Valdir
atenderemos, com prazer, a solicitação de V. Exa e vamo-nos deslocar do
Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a V. Exa. Vera. Sônia
Santos, pela gentileza.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero saudar V. Exa., pois V. Exa. é o primeiro
Vereador que na discussão preliminar de Pauta já luta e trabalha pela criação
de uma lei que regule o Orçamento Participativo, porque achamos que o Orçamento
Participativo, na forma que está enfocado, não pode ser um instrumento
eleitoral, mas deve ser, isto sim, uma prática da cidadania consolidada em lei.
E aqui, Ver. Reginaldo Pujol, ninguém que está neste Plenário é inimigo da
democracia direta, mas quer compatibilizar a democracia participativa com a
democracia representativa. Esse é o nosso propósito e sei que o de V. Exa.
também.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero dizer a V. Exa e ao nobre Ver. Isaac Ainhorn que o tema
suscitado é, de fato, um presente para a nossa Bancada, o nosso Partido, o
nosso Governo, porque vai-nos oportunizar o maior debate sobre a democracia que
se faz neste ano de 99. Teremos a participação, não apenas de 33 Vereadores,
mas de conselheiros e centenas de milhares de porto-alegrenses.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exa. pelo aparte e do
Ver. Isaac Ainhorn, e quero dizer, com a maior tranqüilidade, que acredito que
este Projeto se destina a ser o projeto de importância semelhante a que nós
estamos, cuidadosamente, tratando na Casa acerca de dois anos, que é o novo
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. Na medida em que nós vamos
discutir claramente o que é o orçamento participativo e qual o seu nível de
competência. E faremos como deve ser feito nas sociedades democráticas, faremos
colocando na lei, regulando de forma cabal essa instituição, para que todos
dela possam ter participação e acesso, sabendo as regras legais que ela encerra
e permite. É evidente, Ver. Isaac Ainhorn, que sendo um Projeto extenso,
consistente, ninguém responsavelmente pode vir de antemão hipotecar irrestrita
solidariedade a essa proposição. O que não impede, pelo contrário, até implica,
como acentuou o Ver. Adeli Sell, que saúda essa proposição pela condição que
ela encerra, de propiciar esse grande debate, que há de ser conseqüente e deve
chegar a conclusões claras, precisas, objetivas, para que se tenha, finalmente
regrada essa instituição, que hoje está a
latere da Lei. Nesse sentido, Ver. Adeli Sell, não ganha a Bancada do PT
ganha a Cidade e esta Casa o presente magnífico, que é a grande oportunidade de
se debater a exaustão esse tema que precisa ser feito. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está com a
palavra para discutir a Pauta.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, companheiros aqui presentes que estão acompanhando este debate. Eu
quero trabalhar em cima dessa questão que o Ver. Reginaldo Pujol destacou,
sobre o Projeto do Ver. Isaac Ainhorn. Porto Alegre tem se destacado sempre
pela sua autonomia, através do Orçamento Participativo, que cria suas regras de
funcionamento, sem tutela do poder do Estado. Digo que o Orçamento
Participativo já é uma instituição, pois a instituição é algo que nasce das
necessidades sociais, o que é reconhecido publicamente; e o Orçamento
Participativo é reconhecido aqui, no Estado, no Brasil e em nível
internacional.
O Sr. João Dib: Vossa Excelência permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereadora, acompanho o pronunciamento de V.
Exa., com muita atenção. Eu poderia enumerar uma centena de obras, mas vou
citar apenas uma, e gostaria que V. Exa. me informasse: O que seria do
Orçamento Participativo se o Complexo da Conceição não tivesse sido feito na
Administração Telmo Thompsom Flores?
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Eu respondo a V. Exa., ex-Prefeito desta
Cidade e Vereador, algo pode ser acertado individualmente, mas muito melhor se
for acertado no conjunto das comunidades. Por isso digo que, regulamentado e
aprovado por seus integrantes, essas regras não desrespeitam absolutamente
nenhuma lei oficial. Essas regras aplicam o princípio que permite a
participação direta dos cidadãos desta Cidade. O que quer o autor desse Projeto
e o que querem os que o apóiam? Estatizar o Orçamento Participativo?
Burocratizá-lo? Tirar o poder da população e a capacidade de sua
auto-regulamentação?
O Sr. Isaac Ainhorn: Vossa Excelência permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É exatamente o que quero, desestatizá-lo, conquanto,
hoje, Vereadora, o Orçamento Participativo é coordenado por um Órgão que lembra
os órgãos do tempo daquele planejamento centralizador. Criaram o GAPLAN, que é
o Gabinete do Planejamento, é estatal, e são mais de cem funcionários que
coordenam o Orçamento Participativo. Nada é mais estatal hoje em Porto Alegre
do que o Orçamento Participativo do PT.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Com a oficialização do Orçamento
Participativo, as decisões e conflitos passam a ser resolvidos e encaminhados,
e serão defendidos, sim, do direito estatal, de uma forma burocratizada, de uma
forma que essas discussões vão para os tribunais. Esta é a intenção de fundo:
acabar com a participação, acabar com as pessoas que hoje fazem parte do
Orçamento Participativo, passando para os “doutores da cidade”, os “donos da
lei e da verdade”. Pasmem, os Senhores, a lei do salário mínimo, que deveria
dignificar o homem e a mulher deste País, quem cumpre essa lei? Ao contrário do
que deveria ser, não garante absolutamente nada, deveria garantir o mínimo, e
nem isso nós temos. “Todo o poder emana do povo porto-alegrense, todo o poder
emana do povo do Brasil, que exerce por meio de representantes eleitos, ou
diretamente, nos termos desta Lei Orgânica”. O Art. 97 esclarece que a
soberania popular se manifesta quando a todos são asseguradas condições dignas
de existência e será exercida pela participação popular nas decisões do
município e no aperfeiçoamento democrático das instituições.
Pois,
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores, o Orçamento Participativo não vem para
substituir esta Casa, não vem para substituir o Executivo Municipal, ele
representa sim um novo conceito de participação, é um instrumento de diálogo, é
pela disputa democrática. Oficializá-lo significa esvaziá-lo, ficar à mercê das
decisões da Justiça, chamada a interpretar o regulamento estatal, se assim for
criado pela Câmara Municipal. A regulamentação pela Câmara não garante a
existência do Orçamento Participativo, pois ele existe pelo estímulo do
Município no sentido de valorizar as suas decisões importantes. Só o que
garante a existência do Orçamento Participativo livre, democrático e popular é
a comunidade. É isso que eles querem: voltar ao velho gueto clientelista, eles
têm medo de não se reeleger, não gostam do cheiro do povo, não querem se
misturar. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito que a assistência não se
manifeste, embora a eloqüência do debate de hoje, que vai tomar conta desta
Casa e dos meios de comunicação, mas, de acordo com o Regimento, não é possível
a manifestação nas galerias.
O
Ver. Antônio Losada está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
comunidades aqui presentes e representantes do Orçamento Participativo. A nossa
intervenção neste espaço de Pauta, ocorre no sentido de fortalecer, de
reconhecer que nos últimos 10 anos uma prática foi introduzida nesta Cidade. O
Orçamento Participativo adotou um processo de participação popular que prioriza
os investimentos da Cidade, através de suas comunidades, das regiões onde se
organizam essas comunidades, das associações, clubes de mães, comissões de rua
e todas as formas de organizações. Quem não estiver organizado também participa
desse processo aberto, livre, democrático, no sentido de reivindicar melhorias
para a sua rua, vila, bairro e cidade. O Orçamento Participativo não proíbe a
indicação de obras institucionais, de obras de importância, da organização da
Cidade, através das plenárias temáticas, através da própria Câmara de
Vereadores que pode fazer indicações de obras, sugerir, e as comunidades vão
homologar, hierarquizar e priorizar essas obras.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Reconheço em V. Exa. muita sensibilidade. Por isso, pergunto a V.
Exa.: o que seria da instituição do Orçamento Participativo em Porto Alegre, se
o Prefeito Guilherme Socias Villela não tivesse construído todos os corredores
de ônibus?
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Penso que o Ver. João Dib não captou exatamente aquilo que V. Exa.
colocou, porque tanto os terminais, como o Complexo Conceição e todo esse
processo de passagem dos ônibus na Cidade, dos corredores a que se refere,
todas essas obras estariam no Orçamento Participativo, colocadas pela
Administração, discutidas nas dezesseis regiões e nas temáticas. Portanto, não
é conflitante, pelo contrário, teria muito mais suporte na sociedade e haveria
menos questionamentos.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Muito obrigado, o Ver. Adeli Sell
reforçou a nossa colocação inicial. O que não podemos é admitir que um processo
de participação popular, onde participam aproximadamente, Ver. Isaac Ainhorn,
quarenta mil pessoas...
(Aparte
anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn.)
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Vereador, V. Exa. precisa participar de
todo o processo, das reuniões regionais, das microrregiões.
O Sr. PRESIDENTE: Vereador, interrompo o tempo de V. Exa.
Logo reiniciarei a contagem, Ver. Isaac Ainhorn, V. Exa. poderá dar o aparte,
apenas, peço que o faça no microfone de apartes, como o faz sempre, de forma
fidalga, e que os apartes não sejam anti-regimentais.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu queria apenas registrar que, na revista editada pela gráfica do
DMAE, do Orçamento Participativo, o que é muito bom, o Prefeito informa que
chegou a vinte mil pessoas. E V. Exa. se refere a quarenta mil pessoas.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: É que, aí, não estão incluídas as
microrregiões que participam do processo; não estão incluídas as grandes
assembléias, que são verdadeiras festas populares, com a participação de três,
quatro, até cinco mil pessoas. São participações maciças, uma verdadeira festa
nos Bairros de Porto Alegre. Mas nós queremos aproveitar estes minutos que nos
restam para fazer um registro: eu participei efetivamente, de corpo presente,
nos processos anteriores ao Orçamento Participativo. Eu vi os métodos que eram
utilizados para pavimentar uma rua, para a instalação de um colégio, de uma
creche. Eram métodos autoritários, assistencialistas, clientelistas, que não
possibilitavam a participação das comunidades organizadas. Então, nós não
podemos regredir, retornar àqueles métodos conservadores, tradicionais,
superados. A história vai para a frente, não vai para trás. Não podemos
regredir. A participação popular, através desse processo, por si só tem
consagrado toda essa iniciativa da Administração Popular. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou
aceitar a provocação do Ver. João Dib. Ver. João Dib, se houvesse participação
popular em todos os tempos da ditadura, o aeromóvel, construído com o dinheiro
público, não estaria aqui, esse erro da tecnocracia não estaria aqui. A Vila
Ramos, onde foi feita uma urbanização pela metade, uma “meia-sola”, uma
“meia-sola” que existe lá nos blocos da Gleba, na antiga Vila Célio, não seria
feita daquela maneira se houvesse participação popular. A tecnocracia fez esses
projetos sem discussão popular, como fizeram outras aventuras por este Brasil a
fora, como Angra e tantos outros projetos que só enterraram dinheiro público,
porque não houve debate, não houve discussão popular. Não sei se seria feito o
Viaduto da Conceição, mas não é essa a questão. Agora, certamente, se houvesse
participação popular, errar-se-ia muito menos e se fariam projetos muito mais
ao encontro da população de Porto Alegre, da população de baixa renda. Disso,
não tenho dúvida.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. José Valdir, gosto de ouvi-lo até quando fala por rimas
e versos, fico mais encantado. Mas, gostaria que V. Exa., que conhece muito bem
a Zona Norte, dissesse o que seria do Orçamento Participativo - e, por favor,
não diga que a Sertório duplicada está errada e que a Baltazar Oliveira Garcia
também está errada -, gostaria que V. Exa. me dissesse como funcionaria a Zona
Norte da Cidade sem essas duas grandes obras.
O SR. JOSÉ VALDIR: Ver. João Dib, V. Exa. revela não
conhecer nada daquilo que combate. V. Exa. não conhece o Orçamento
Participativo, não sabe que no Orçamento Participativo o povo também discute as
grandes obras. A não ser que V. Exa. esteja querendo dizer que o povo não tem
condições, isso é que está por trás, é que os Vereadores que querem acabar com
o Orçamento Participativo, querem regulamentar, eles acham que o povo não tem
condições de discutir, - a não ser o esgoto da rua, - que o povo não tem
condições de discutir as chamadas obras estruturais da Cidade. Ora, Vereador,
V. Exa. tem que ir no Orçamento Participativo, saber que há plenárias
temáticas, saber que se discutem não só as pequenas obras, mas as grandes obras
desta Cidade. Assim, V. Exas. poderão, quem sabe, tentar regulamentar o
Orçamento Participativo. Mas uma condição para qualquer coisa é conhecer o que
estão falando.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu só queria que V. Exa. nominasse os Vereadores que querem acabar
com o Orçamento Participativo.
O SR. JOSÉ VALDIR: Toda a Cidade já sabe, mas vou dizer no
final do meu pronunciamento, não se apresse.
Em
primeiro lugar, a marca do Orçamento Participativo é a sua autonomia. É isso
que esta Câmara precisa entender. Essa é a diferença dos mutirões do Collares;
da experiência de Lages, em Santa Catarina; da experiência de Pelotas. É a
autonomia! E é exatamente com isso que esta Câmara quer acabar, porque o
Orçamento já é legal, ele já está reconhecido no art. 116 da Lei Orgânica. Esta
regulamentação existe, foi feita pelo povo que, inclusive, tem agilidade para
modificar e adaptar essa legislação regulamentadora a cada nova realidade. É
isso que esta Câmara não quer, que o povo tenha esse poder de regulamentar esse
instrumento a cada momento, adaptando às necessidades. Na verdade, esta Câmara
quer engessar o Orçamento e oficializando, aí sim, Vereador, estatizar. Assim
não dá para fazer aquela simplificação que V. Exa. faz.
O
Ver. Isaac Ainhorn é um dos que querem, no mínimo, enfraquecer; mas, eu acho
que ele quer acabar com o Orçamento Participativo. Acho que o Ver. Isaac
Ainhorn parte de uma visão retrógrada, uma visão positivista, que é aquela que
só existe direito e justiça ligada ao Estado, ele não admite as esferas
autônomas. Essa visão positivista é a visão mais inimiga, mais destruidora do
movimento popular e da organização independente dos trabalhadores. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para comunicação de Liderança pela Bancada do PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para
que haja, efetivamente, um debate crítico em relação a essa questão, resolvi
usar, neste momento, o meu tempo de Liderança.
Quero
ler para o Ver. José Valdir, inicialmente, o artigo 1º do meu Projeto, que
certamente ele não leu. (Lê.)
“Art.1º.
Fica assegurada, nos termos da Lei Orgânica de Porto Alegre e na forma da
presente lei, a participação da comunidade, a partir das regiões do Município,
nas etapas de elaboração, definição e acompanhamento do orçamento anual.”
Vereador
José Valdir, aqui está consagrado o reconhecimento deste Vereador à experiência
e à prática do Orçamento Participativo. Só que eu não quero, Vereador, um
Orçamento Participativo atrelado ao Poder Executivo. Eu não quero, Ver. José
Valdir, um Orçamento Participativo estatizante como é esse praticado pelo
Governo Municipal, pelo Governo que se encontra à frente do Município, da
Cidade de Porto Alegre. É por isto que eu quero, Ver. José Valdir: uma lei
regulando o Orçamento Participativo na sua plenitude para que as garantias dos
cidadãos estejam estabelecidas no direito escrito. Só o direito escrito,
Vereador, é a garantia do exercício do direito subjetivo, frente à lei objetiva
e ao direito positivo. É isso que eu quero. Eu quero a garantia democrática,
Vereador. Eu quero a possibilidade de participação, não de quatorze mil no
Orçamento, como é o debate que se realiza, mas eu quero as centenas de clubes
de mães, as centenas de associações comunitárias, os clubes esportivos, os
sindicatos dos trabalhadores, os sindicatos dos empregados, o conjunto da
sociedade participando do processo de debate da elaboração do Orçamento na
Cidade de Porto Alegre. Eu não quero o que está acontecendo. Eu pergunto a V.
Exa., e aqui está o Regimento atual do Orçamento Participativo, e o que diz o
Regimento atual é que o Conselho Municipal do Orçamento Participativo, será
coordenado por comissão composta por quatro Conselheiros, dois do Conselho
Regional de Comunidade, e dois do GAPLAM. Os quatro coordenadores são
funcionários da Prefeitura Municipal, ligados ao Gabinete do Planejamento que,
por sua vez, é ligado ao Gabinete do Prefeito. E a ilustre Vereadora Maristela
Maffei vem falar que ele não é estatizante, mas ele é, sobretudo, estatizante,
ele é partidário, ele não é pluripartidário, ele não dá espaço aos segmentos na
sua totalidade, porque, ele controla o processo das vontades dos cidadãos
dentro do Orçamento. Eu quero a democracia nos Conselhos Regionais das
dezesseis comunidades, eu quero autonomia plena e quero que V. Exa. Vereador,
José Valdir, apresente uma Emenda consagrando a plena autonomia nas decisões do
Orçamento Participativo. Porque, se V. Exa. lesse o meu Projeto, constataria
que estou consagrando todos os princípios da experiência do Orçamento
Participativo. Na minha Lei, nas plenárias regionais, nos fóruns de delegados,
nos conselhos regionais da comunidade, tudo que existe informalmente eu estou
consagrando no meu Projeto de Lei. E aqui eu falo que 50% das verbas de
investimento serão deliberadas pelo Orçamento Participativo. Mas se V. Exa. quer
os 100% sendo deliberados pelo Orçamento Participativo, eu me comprometo
publicamente, Senhores Vereadores, a emendar o meu Projeto de Lei assegurando
os 100%. Eu não quero, Vereador, o Orçamento Participativo atrelado ao partido
político. Eu quero o Orçamento Participativo com a participação de todos os
partidos, porque os partidos são a expressão do processo da democracia
representativa.
Agora,
aquelas pessoas que querem uma ligação, governo e sociedade, governo e
cidadania, diretamente, têm as suas experiências, Vereador. As experiências
fascistas de Salazar e Franco acabaram com os partidos políticos. As
experiências stalinistas são as do partido único, o Partido Comunista da União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas, este é o partido que fazia ligação entre
o estado e o povo, aí sim. Eu quero uma democracia plena, Vereador, é por isso
que eu quero, para garantir que todos os cidadãos aqui no Orçamento
Participativo sejam definitivamente incorporados à Cidade através de uma lei e
sem ameaças, porque eu não sou inimigo do povo. Quem tratava as pessoas como
inimigo do povo era Adolf Hitler que colocava os seus sequazes para destruir as
lojas e estabelecimentos nas ruas de Munique e Berlim. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu
lamento que um processo de dez anos, rico em experiências, sirva de plataforma
demagógica, nesta Casa, fazendo um contraponto com esta experiência. Não é
interessante para nós, construtores da democracia participativa e
representativa, que se aborde o Orçamento Participativo por um viés totalmente
equivocado. Nesta Casa, há Vereadores que falam sobre o Orçamento Participativo
sem nunca ter posto os pés numa plenária do Orçamento Participativo. Eles
desconhecem totalmente o processo, vêm cantar de galo aqui, falam em 18, 14, 20
mil e não sabem que o processo do Orçamento Participativo vai desde a reunião
da associação de moradores, do clube de mães, do clube de futebol até a
plenária regional, até a plenária temática, envolvendo muito mais do que as 20
mil pessoas que participam das plenárias gerais, envolvem, sim, muitos cidadãos
desta Cidade. Portanto, não adianta falar sobre o dado que está no papel,
porque o que está no papel mostra apenas um lado do Orçamento, o outro lado é
daqueles que constroem o dia-a-dia o Orçamento. Esse é o primeiro registro.
Em
segundo lugar, dizer que a tentativa de regulamentação, é isso que temos que
debater enquanto Vereador, é totalmente equivocada, não há o mínimo de riqueza
desses dez anos, é necessário registrar isso. A Lei Orgânica do Município já
diz o que a lei proposta agora tenta dizer no artigo 116 “Fica garantida a
participação da comunidade, a partir das regiões do Município, nas etapas de
elaboração, definição e acompanhamento da execução do plano plurianual, das
diretrizes orçamentarias e do orçamento anual”. Não tem que regulamentar mais
nada, está aqui a regra a ser cumprida. Agora fazer uma cópia totalmente
equivocada do Regimento Interno dos Conselhos Tutelares, que foram construídos
pelos cidadão da Cidade, o Orçamento Participativo é uma auto-regulamentação do
que está escrito na Lei Orgânica do Município. O povo em dez anos está construindo
a regulamentação - nós estamos dizendo está construindo, porque não achamos que
é algo que está pronto. A cada ano, pegamos novas experiências e construímos
para frente. Portanto, não podemos achar que uma Lei limitada na Câmara de
Vereadores - limitada, porque fez uma cópia, e uma cópia equivocada do
Regimento dos Conselhos - vai resolver um equívoco. É o segundo elemento.
E
para finalizar, gostaria de registrar que, para quem leu com atenção o Projeto
de Lei, ele é inconstitucional, porque mistura atribuições do Legislador com o
Poder Executivo, mistura totalmente as funções, e isso não é reduzir as funções
do Vereador. O Vereador tem que saber qual é o papel dele - está aí o Plano
Diretor para ser discutido, está aí um conjunto de projetos importantes na Casa
-, o papel de fiscalizador é de acompanhar as obras e os projetos desta Cidade,
o Vereador não precisa estar definindo qual é a rua a ser pavimentada na
Cidade, não precisa estar definindo se tem que fazer a obra “a” ou a obra “b”,
o Vereador tem que construir as diretrizes, e as diretrizes o Vereador
constrói, quando discute o Plano Diretor, quando discute o Código de Limpeza,
quando discute o Código de Saneamento, o Código de Saúde. É o Vereador que
constrói as diretrizes desta Cidade, os códigos de convivência desta Cidade,
esse é o papel verdadeiro de nós, Vereadores. Não é ficar fazendo lobby com os moradores de tal rua para
ela ser pavimentada, para depois usar isso no processo eleitoral. Não é desse
jeito que a gente quer construir a Cidade, e também, não é com a demagogia de
dizer que o viaduto tal foi feito certo, porque tiveram coisas que foram feitas
certo, mas tiveram equívocos como na Bento Gonçalves, e vamos olhar o terminal
de ônibus junto a Antônio de Carvalho, que ficou abandonado por muitos anos e
hoje não é terminal, hoje é um posto de saúde e um centro administrativo,
porque não foi discutido com o povo. Ali não precisava de terminal coisa
nenhuma. É muito importante para o administrador da Cidade contar com a
participação do povo para definir o que é o melhor para a cidade. Portanto, o
debate nesta Casa não é um desmerecimento para o legislador. Temos o nosso
papel a ser cumprido, mas vamos deixar o povo cumprir o seu papel, que é o de
construir o que ele quer. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Está com a palavra o Ver. Luiz Braz, para
uma Comunicação de Líder pelo PTB.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Nereu D’Ávila, Presidente desta
Casa; Ver. Adeli Sell, Secretário; Srs. e Sras. Vereadores; Senhoras e
Senhores.
Falo
em tempo de Líder, porque não consegui inscrição para o período de Pauta, mas
não podia deixar de vir aqui prestar a minha solidariedade ao eminente Ver.
Isaac Ainhorn, pelo Projeto de Lei que ele coloca em tramitação nesta Casa. O
seu intento de fazer com que este chamado Orçamento Participativo possa ser
regrado, através de uma legislação discutida e votada por esta Casa, merece os
cumprimentos do Partido Trabalhista Brasileiro, merece os cumprimentos de toda
a sociedade. Infelizmente, estamos vendo que esta Casa hoje está sofrendo
alguns ataques desnecessários, ataques gratuitos e peço ao Sr. Presidente da
Casa para que verifique o quanto esta Casa está, hoje, sofrendo com estes
ataques. Duas faixas aqui colocadas, são faixas que, na verdade, tentam fazer
com que os Vereadores desta Casa sejam pressionados a votar contrários ao
Projeto do Ver. Isaac Ainhorn: (Lê.) “Será conhecido como inimigo do povo quem
alterar o Orçamento Participativo”. Chamam de povo aquela meia dúzia de pessoas
que se reúnem, naquelas reuniões que vão resolver praticamente nada, e que vão
servir apenas de massa de manobra para o Executivo, pois, olha, não sabem
realmente o que significa povo e que vão servir apenas de massa de manobra para
o Executivo, olha, não sabem realmente o que significa povo. Povo significa
todo o conjunto de pessoas que estão aqui no limite do nosso Município. Esse é
o povo de Porto Alegre! Estão nos limites de Porto Alegre. São um milhão e
trezentas mil pessoas, muito mais do que aquelas dez, doze mil pessoas que se
reúnem para decidir sobre os minguados recursos que são colocados a sua
disposição. Massa de manobra do Executivo, apenas isso! Nada mais do que isso.
Infelizmente, o Executivo usa esse sistema para poder fazer com que a sua
vontade nazista, fascista, muito bem enfocada pelo Ver. Isaac Ainhorn, possa
crescer, possa ser colocada em prática. Olha, eu acredito que este embasamento
que é dado por estes Senhores, infelizmente, será cobrado pela história, eu
acredito que num futuro muito próximo. Peço que os Senhores que pertencem a
esse segmento chamado Orçamento Participativo reflitam muito sobre o papel que
estão atualmente tendo neste processo histórico, de apenas dar embasamento para
que uma administração, sem criatividade, que não quer assumir
responsabilidades, possa se manter por dez anos e, agora, doze anos no poder
público municipal. Acho que esta Cidade merece melhor sorte.
A
administração pública tem obrigação de fazer as obras, o dinheiro, os recursos
que são conseguidos para esses investimentos são recursos que vêm dos impostos,
os impostos pagos pelos cidadãos devem ser devolvidos em obras. Essas obras são
obrigatórias, esse trabalho da administração é obrigatório em prol do cidadão.
Não precisa ninguém ficar reunido para dizer que uma determinada rua tem que
ser asfaltada ou que tem que ser colocada uma boca-de-lobo aqui ou ali. Mas,
administrar não é apenas asfaltar uma cidade, administrar não é apenas colocar
boca-de-lobo, administrar é muito mais do que isso. Administrar é ter um bom
planejamento, é ter pessoas capazes, capacitadas para orientar o administrador
municipal. Não existe, infelizmente, hoje, aqui, no Município de Porto Alegre,
essa boa orientação. Infelizmente, o nosso Prefeito Municipal está mal-assessorado
e precisa, então, se valer deste mecanismo que apenas engana a vontade das
pessoas, engana a vontade do verdadeiro povo, do povo de Porto Alegre que não é
apenas aquelas pessoas que se reúnem dentro do Orçamento Participativo. O povo
de Porto Alegre são todas aquelas pessoas que merecem, que têm o direito do
retorno dos seus impostos. Nós não podemos aceitar que sejam classificados como
povo de Porto Alegre apenas aquelas pessoas que participam das reuniões do
Orçamento Participativo. Todos os 1 milhão e 300 mil habitantes de Porto Alegre
merecem o retorno pelo imposto que pagam, e merecem também ser ouvidos. Não
apenas essa meia dúzia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Vereador Carlos Alberto Garcia está com
a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na tarde
de ontem, estivemos reunidos com mais de vinte microempresários que fazem o
transporte de alunos das universidades da Grande Porto Alegre, basicamente alunos
da FEEVALE, de Novo Hamburgo; da UNISINOS, de São Leopoldo; e da ULBRA, Ritter
dos Reis e La Salle, de Canoas. Existem cerca de 200 microempresas que
transportam esses alunos desses municípios para Porto Alegre e vice-versa,
totalizando seiscentos motoristas. Eles estão surpresos porque nos últimos
quarenta dias têm sido constantemente autuados pela Empresa Pública de
Transporte e Circulação, que está montando barreiras em determinados locais e
parando os ônibus, sob a alegação de que os coletivos não possuem uma tarja com
os dizeres “escolar”. Isso está dificultando o trabalho das empresas, que têm
uma autorização do DAER para atuarem na área de turismo, têm uma autorização da
METROPLAN para fazer o fretamento dos alunos. Eles fazem, sim, um contrato social
com cada aluno que transportam, expressando a responsabilidade por parte da
transportadora e também por parte do aluno. Essas autuações da EPTC estão
ocorrendo diversas vezes, sistematicamente, nos últimos dias, fazendo com que:
primeiro, esses microempresários, que são, na sua grande maioria, os próprios
motoristas de seus ônibus, em cada autuação recebam cinco pontos na carteira e,
brevemente, talvez, não possam mais dirigir os seus ônibus; segundo, os alunos
cheguem atrasados nas universidades em função da demora na expedição desses
autos de infração. O atendimento que esse tipo de serviço faz de ponta a ponta,
ou seja, o ônibus busca o aluno na sua residência, larga na universidade, e da
universidade novamente para sua residência, é de um alto grau de segurança para
os alunos e seus familiares. Essas instituições cobram em média R$ 90,00 por
mês. Se esses acadêmicos pegarem o ônibus que se desloca, por exemplo, da
UNISINOS até o centro de Porto Alegre, que custa R$ 4,40 por dia, e se o
fizerem todos os dias, pagarão mais do que os R$ 90,00 por mês.
Está
havendo uma dicotomia entre as diversas atribuições, ou seja, DAER, METROPLAN e
EPTC, e o que nós estamos propondo é que no próximo dia 13, - já conversamos
com o Ver. José Valdir e ele entende que deve estender, o que acho uma posição
correta - a Comissão de Educação e a Comissão de Urbanização, Transporte e
Habitação possam fazer uma reunião em conjunto com o DAER, METROPLAN, EPTC e
permissionários, para que possamos, de uma vez por todas, terminar esse impasse
que está causando uma série de constrangimentos, porque está havendo uma
dicotomia nas atribuições e relações entre Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e
Novo Hamburgo.
Volto
a insistir: hoje são mais de 20 mil alunos que recebem um atendimento que nós
reputamos de alta qualidade e com um custo de R$ 90,00, um preço compatível e
dentro das possibilidades desses acadêmicos.
O
que nós esperamos, nesse prazo de uma semana, é que essas barreiras, por parte
da EPTC, sejam suspensas, para que no dia 13 possamos, sim, de maneira
harmônica, fazer uma ampla discussão e procurar chegar a um consenso. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
sentir-me-ia muito feliz se pudesse ter a convicção de que ali na galeria não
houvesse nenhum detentor de Cargo em Comissão da Prefeitura Municipal. Eu
ficaria muito feliz se isto fosse verdade. Eu ficaria muito feliz, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, se me dissessem que não é verdade que para progressão, para os
servidores da Prefeitura, conta ponto quem participa do Orçamento
Participativo.
Agora,
eu tenho dito sempre que um homem público deve ter sensibilidade e capacidade
de resposta, e estas se dão convivendo no meio do povo.
É
muito longa a minha caminhada na vida pública no Município de Porto Alegre:
Secretário, Diretor-Geral, Assistente Técnico, Assessor Engenheiro, Prefeito,
Vereador. Eu gostaria que alguma entidade dissesse que, numa das posições que
ocupei, não foi recebida.
Eu
gostaria de encontrar alguém que dissesse que não conseguiu ler, na lista
telefônica, o telefone do João Dib. Gostaria de encontrar alguém assim.
Eu
gostaria de saber quantas vezes o Prefeito da Cidade, tanto o atual quanto os
seus dois antecessores, atenderam o povo de Porto Alegre.
Fala-se
muito em Orçamento Participativo; e eu falo de responsabilidade, de
sensibilidade e de capacidade de resposta.
É
por isso que perguntei se as centenas de obras que eu poderia enumerar não
tivessem sido realizadas, se poderíamos pintar cordões de calçadas e fazer
pequenas pavimentações.
Eu
não tenho nada contra o Orçamento Participativo, até porque, no dia 13 de
setembro, ajudei a criar a FRACAB. Não só ajudei a criar a FRACAB; eu a
estimulei, apoiei e dei-lhe toda a cobertura, com o apoio dos prefeitos que
estavam acima de mim, Dr. Célio Marques Fernandes, Dr. Telmo Thompson Flores,
Dr. Guilherme Socias Villela. Então, eu não tenho nenhuma preocupação: o povo
falou comigo, eu falei com o povo; foram centenas e centenas de reuniões com as
associações de bairro. Eu vi o Prefeito Telmo Thompson Flores ir para reunião
com associação de bairro; eu vi o Prefeito Célio Marques Fernandes; eu vi o
Prefeito Guilherme Socias Villela; vi presidentes da Câmara, no exercício da
Prefeitura, irem conversar com a comunidade para resolver seus problemas. Mas a
Cidade tinha problemas, e a sensibilidade do administrador tinha que encontrar
resposta. É por isso que, hoje, é até possível pintar cordões de calçadas,
porque a Cidade conseguiu resistir.
Desde
1º de janeiro de 86, nada foi acrescido nas perimetrais. As obras foram tão
boas que é possível que se continue vivendo nesta Cidade e que se continue a
receber títulos de alto padrão de qualidade de vida.
Quando
fui Prefeito, por três vezes Porto Alegre foi considerada a melhor cidade em
matéria de qualidade de vida. Então é possível que se faça o Orçamento
Participativo, e ninguém discute. O Projeto do Ver. Isaac Ainhorn prevê que uma
parte seja decidida pela coletividade. Mas responsabilidade se assume, não se
transfere; e quando alguém é escolhido prefeito, o povo imagina, pensa,
acredita e tem a esperança de que ele vá resolver os problemas da Cidade. E se
existe, na Prefeitura, um sistema de planejamento - caro, sem dúvida nenhuma,
ainda que a cada um deles seja atribuído um pequeno pagamento, porque os
salários da Prefeitura são baixos, mas o sistema é caro, custa muito - e esse
sistema não é utilizado, nós vamos deixar a Cidade crescer sem que os grandes
problemas sejam equacionados e resolvidos. Ou talvez o Orçamento Participativo
tenha decidido sobre a verba publicitária da Prefeitura. A primeira emenda
popular até hoje aprovada aqui foi a da UAMPA, que aprovou uma redução de verbas
de publicidade do Gabinete do Prefeito Tarso Fernando Genro. O Prefeito
respondeu ao pedido de diminuição de verba de publicidade feito pela
comunidade, mas sem consultar o Orçamento Participativo, aumentando em 13.200%
a verba de publicidade do seu gabinete, por um simples decreto de
suplementação.
Portanto,
aos detentores de Cargo em Comissão que ali se encontram, o meu abraço, e a
minha tristeza.
Esse
debate é importante e tem que ser continuado, mas responsabilidade se assume e
não se transfere. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
ouvimos, diariamente, discursos dos companheiros do Partido dos Trabalhadores
que, a qualquer título e por qualquer motivo encontram um modo de enfocar,
agredir, criticar o Governo Federal, da mesma forma que antes faziam com o
Governo Estadual.
O
curioso é que esses mesmos companheiros não vêem as contradições que,
diariamente, estão ocorrendo em termos da sua Administração Municipal e, hoje
em dia, da sua Administração Estadual.
Quero
trazer uma questão que é muito curiosa de se analisar, porque todos os dias
ouvimos discursos dizendo que a culpa é do Governo Federal, das coisas que
ocorrem no Rio Grande; que o Governo do Estado não consegue resolver os
problemas, porque a culpa é do Governo Federal, que não passa dinheiro.
Falava,
há pouco, com o Dr. Jair Krischke, que está preocupado com algumas questões atinentes
à área de segurança e essa verdadeira confusão que se criou com a transferência
de coronéis e de comandos, não por se transferir ou por se tirar esse ou aquele
deste ou daquele lugar, mas porque, como foi divulgado há tempos,
transferências custam dinheiro, Ver. Pedro Américo Leal, por força da
legislação. Segundo o cálculo do Dr. Jair Krischke, hoje o Governo do Estado já
gastou mais de 1,5 milhões de reais só na troca dos comandos da Brigada
Militar. E eu, inclusive, pedi ao Dep. Jorge Gobbi, na Assembléia Legislativa,
para que fizesse um Pedido de Informações específico a respeito desse assunto.
Não
vou falar aqui da confusão, da briga com o Governo Federal, que faz com que o
Governo do Estado, ao invés de pagar 6% de juros, que dizem que é escorchaste,
esteja pagando 40%, que deve ser muito menos do que 6%. Não sei em que
matemática eles se baseiam, mas eu acho que deixam satisfeitos os companheiros
do PT no Governo do Estado.
Mas
eu quero trazer uma denúncia que recebi hoje, muito curiosa. Há dois ou três
dias, os jornais estamparam uma bela matéria sobre as disputas internas entre
os diferentes segmentos do PT, sobre a futura Secretaria do Meio Ambiente,
Secretaria que não se cria por interesses diferentes, dentre outros, da
Secretaria da Saúde e da Secretaria da Agricultura. Porque, quando se criar a
Secretaria do Meio Ambiente, as Secretarias de Agricultura e a da Saúde irão
perder verbas, e não querem perder as verbas. Mas o mais grave é que enquanto
isso, o chamado Departamento de Recursos Naturais Renováveis, afeto à
Secretaria da Agricultura, que tem que fazer fiscalização no Estado, que é quem
cobra multas e fiscaliza - no caso de serrarias, transporte regular de
madeiras, todas essas questões fundamentais para o Rio Grande - sobre o que, aliás,
ouvimos tantos discursos dos Vereadores do PT, aqui, esse departamento está sem
diretor desde o início do Governo Olívio Dutra. Não tem Diretor o Departamento
e, mais do que isso: não tem gasolina, não tem diárias para os funcionários e
não tem veículos para viajar. Ou seja, não tem nenhuma fiscalização, está às
moscas e, mais do que isso: não só deixa acontecer tudo o que se quiser, como
deixa de recolher multas. E porque não está atuando, está deixando de receber o
FUNDEFLOR, que é o Fundo de Desenvolvimento Florestal específico, repasse de
verba federal, porque a Secretaria da Agricultura não está cumprindo com aquilo
que deveria cumprir. Então, fica aqui o registro e fica aqui a dúvida e a
absoluta dificuldade de entender o que acontece. Fala-se mal do governo dos
outros, mas não se cuida do seu próprio, e, sobretudo, em coisas tão primárias,
quanto ter diretor de um departamento, verbas, diárias, gasolina e veículos
para fazer uma coisa que é precípua do Poder, que é fiscalizar, pois não
adianta ter lei se não houver pena para quem transgride, e não adianta ter lei
e pena se não houver o fiscal que faça sua aplicação e controle. Com a palavra
os companheiros do PT. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Décio Schauren está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
eu quero desafiar o Ver. Isaac Ainhorn, proponente do Projeto de Lei que quer
regulamentar o Orçamento Participativo em Porto Alegre, a apontar-me qual é a
cidade onde há uma participação maior e mais expressiva do que em Porto Alegre
na elaboração do Orçamento. Existem muitas cidades onde a população participa
do Orçamento, e em muitas há regras estabelecidas ou pelo Executivo ou pelo
Legislativo e que, na verdade, acabam se tornando uma verdadeira
camisa-de-força, inibindo a participação. Eu li atentamente o Projeto de Lei do
Ver. Isaac Ainhorn. Afinal de contas, se o Projeto for aprovado, vamos ter uma
inibição da participação popular. Hoje, Porto Alegre é exemplo para o mundo,
não por acaso vêm aqui delegações de diversos países para ver o nosso Orçamento
Participativo. É porque realmente há uma participação expressiva como talvez
não tenha precedente em outra capital. O segredo dessa participação, que vem
aumentando ano a ano em Porto Alegre, é que, por um lado, temos uma Lei
Orgânica que garante a participação na elaboração do orçamento, no seu
acompanhamento, na sua fiscalização; por outro lado, quem faz as regras de
participação e de tomada de decisão da população é a própria população, e ela
aperfeiçoou isso ano a ano através das assembléias, dos delegados, do fórum do
Orçamento. Isso faz com que a participação popular, a cada ano, se torne mais
rica, mais participativa; a discussão é cada vez mais enriquecedora da própria
cidadania. Para manter essa possibilidade, essa dinâmica de a população ir
aperfeiçoando as regras de participação, isso é fundamental, isso é o segredo
do sucesso da participação na elaboração do Orçamento aqui em Porto Alegre.
É
importante observar que a elaboração, o papel da proposta do Orçamento é do
Executivo. A Lei Orgânica prevê a participação, o Executivo abriu mão de parte
do seu poder para a participação da população. É evidente que o Executivo tem
obrigação de ter projetos para a Cidade, mas, com certeza, o conjunto da
população de Porto Alegre tem uma globalidade de riqueza, de trazer idéias para
melhorar nossa Cidade, muito maior do que o Executivo sozinho, mas em muitas
oportunidades, também no Orçamento Participativo, o Executivo, que tem
propostas, foi convencer as assembléias do Orçamento Participativo, de obras
importantes. Quando o Orçamento entendeu que essas obras eram mais importantes
do que outras que estavam sendo propostas, evidentemente aceitou, porque o
Executivo soube convencer a população, que entendeu que as obras eram
importantes.
Nós
entendemos que para manter o sucesso do Orçamento Participativo aqui em Porto
Alegre, é fundamental que ele não seja colocado em uma camisa-de-força. É
necessário que as regras da participação continuem sendo dinamicamente
aperfeiçoadas, ano após ano, pela participação da população. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
impressionante o alvoroço que o Projeto de Lei do Ver. Isaac Ainhorn ocasiona
nesta Casa, especialmente por parte da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
Fico impressionado pela crítica aguda e feroz que é feita contra essa
proposição que tem como primeiro objetivo legislar, colocar na Lei algo que é
proclamado como sendo a grande dádiva do Governo do PT para a população de
Porto Alegre. Penso que o PT deveria agradecer ao Ver. Isaac Ainhorn, que se
dispõe a transformar essa experiência que o PT proclama tão miraculosa, em uma
experiência definitiva, na medida em que, colocando na lei, faz com que ad aeternum ela se realize. Não querer
que o Orçamento Participativo, essa experiência seja regulada por lei, é dar
razão a alguns críticos do Orçamento Participativo, como por exemplo, o
Professor Universitário José Antônio Tavares, que diz claramente o seguinte:
“Na elaboração do denominado Orçamento Participativo, as decisões são
efetivamente tomadas, não pela população das regiões em que se dividem a
Cidade, mas por políticos do Governo Municipal que, também sob o controle do
Partido, montaram os debates segundo a impressão sugestiva consagrada pelos
documentos mais ou menos oficiais.” Tarso Genro, em obra sobre o Orçamento
Participativo.
Será
que se quer manter este Orçamento Participativo, tão altamente divulgado, da
forma que ele se encontra para que ele seja efetivamente um instrumento de
manipulação do Partido, eventualmente do Governo? O PT pensa que vai ser
eternamente governo em Porto Alegre, que outros governos não poderão surgir e
que façam voltar contra ele o que ele usa, hoje, contra a Cidade, manipulando o
Orçamento Participativo.
Ora,
Sr. Presidente, o Ver. Isaac Ainhorn ganha este crédito da Cidade de Porto
Alegre. O seu Projeto de Lei está ensejando este debate e nós não podemos
admitir, como integrantes de uma Casa Legislativa, que alguém que se levanta e
propõe, em lei, regular uma situação, seja considerado inimigo do povo. V. Exa.
tem a nossa solidariedade, Ver. Isaac Ainhorn, porque, se V. Exa., agindo desta
forma, é inimigo do povo, quem será, então, o verdadeiro amigo do povo? Aquele
que o ludibria, aquele que o engana, aquele que o utiliza nos interesses
político-partidários? Ou aquele que quer ver o seu direito respeitado e a
cidadania efetivamente proclamada? Ou o Orçamento Participativo é realmente uma
peça muito boa e deve merecer a atenção desta Casa, deve ser transformado em
lei, ou não é o que é decantado.
O Ver. Isaac Ainhorn entende que é bom a
participação popular; entende que o Orçamento Participativo é uma forma de ela
se realizar e quer vê-la regulada. E, evidentemente, neste particular, ele tem
o meu mais amplo apoio. Isso não eqüivale dizer que nós estejamos, aqui,
cegamente apoiando, desde a primeira hora, tudo o que está contido no Projeto
do Ver. Isaac Ainhorn, que nem tem esta pretensão. Trouxe a esta Casa uma
proposta para ser discutida, debatida, não para ser impugnada, fulminada, como
se tenta fazer até mesmo com a mobilização de pessoas, que vêm a esta Casa em
uma tentativa de ver ceifada essa possibilidade de debate. É bom o Orçamento
Participativo. Aprendi com o Ver. Hélio Corbellini que o Orçamento
Participativo é um instrumento bom, que tem que ser melhor entendido, que tem
que ser melhor aplicado, que não pode ser instrumento de interesses políticos,
que deve ser, realmente, a manifestação e o exercício da cidadania. Então, se é
bom, e acredito no Ver. Hélio Corbellini, vamos fazê-lo melhor ainda, disciplinando,
regulando, estabelecendo como ele deve ser feito. O Projeto do Ver. Isaac
Ainhorn propicia que iniciemos esse caminho, que não precisa ser, literalmente,
o caminho por ele estabelecido, mas haverá de ser o caminho por ele indicado no
sentido de ser, de uma vez por todas, regulado na lei esse instituto,
proclamado como bom, como ótimo e que não pode ser propriedade de ninguém e nem
objeto de manipulação e tutelas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem):
Há duas faixas, hoje,
nas galerias. São faixas que, além de tentar intimidar os Vereadores, comunicam
que vão notificar nome por nome. Gostaríamos de saber: notificar o quê? Qual o
crime que foi cometido? Qual o deslize que se terá cometido ao se votar a favor
ou contra se esta é uma Casa de democracia? E quero repudiar essa forma de
fazer política com claques de aluguel que vêm para cá apenas para apoiar uma
que outra iniciativa de Vereador ou para ameaçar os outros Vereadores que,
eventualmente, possam votar contra. Quero registrar o meu protesto, pedindo
providências no sentido de que isso não ocorra e não se repita.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Esclarecimento): Em diversos momentos, nesta Casa, onde
houve debates polêmicos, os cidadãos desta Cidade, por um direito que esta Casa
preza, tiveram a oportunidade de se expressar e de garantir a sua opinião. Esse
é o entendimento da Bancada do Partido dos Trabalhadores sobre o que ocorreu no
dia de hoje. Os cidadãos vieram e se posicionaram através do material exposto
nas arquibancadas.
O SR. PRESIDENTE: Vou responder à Questão de Ordem, lendo o
parágrafo único do art. 142 que diz: (Lê.) “É permitido a qualquer pessoa
assistir às Sessões da Câmara, não sendo permitido manifestações bem como
atitudes que atentem contra a honra e a dignidade do Poder Legislativo, da Mesa
condutora dos trabalhos ou de qualquer vereador.”
As
faixas invocadas na Questão de Ordem dizem o seguinte: (Lê.) “Quem modificar o
Orçamento Participativo será notificado nome por nome.” “Será conhecido como
inimigo do povo quem alterar o Orçamento Participativo.”
Em
princípio, eu não vejo infração ao parágrafo único, que atente contra a honra e
a dignidade do Poder Legislativo. Vejo, na primeira faixa, uma ameaça, uma
crítica indireta. Vamos convir, com bom-senso, que ela não é bem explícita.
Pela
Constituição de 88, nós estamos vivendo no Brasil um período de absoluta
liberdade de crítica, de imprensa, de atitudes; só que eu penso que ela não
está se coadunando com a intenção, que sei que é legítima, de que as pessoas se
manifestem a favor ou contra a matéria em discussão. Penso que, veladamente,
ela seria uma espécie de ameaça. Respondo ao nobre Vereador dizendo que ele tem
todo o direito de interpretar a faixa à sua maneira, agora, não haveria, no
Regimento, como pedir que a faixa fosse afastada, porque, em princípio, ela não
atenta contra a dignidade e a honra do Poder Legislativo. É uma ameaça velada e
creio que consegui explicitar objetivamente a questão levantada por V. Exa.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, V. Exa. concorda que é
uma forma vulgar de se fazer política essa de clientela, de claque encomendada
e, às vezes, até por funcionários do Executivo.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, o termo vulgar já é
exacerbado.
Não
vamos, então, em cima da Questão de Ordem, que já foi esclarecida, estabelecer
uma discussão política.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, como autor do Projeto, e
não me sentindo atingido, invoco, aqui, o que o teatrólogo escandinavo Henrick
Johan Ibsen disse na sua Peça “O inimigo do Povo”: “Eu fico sozinho como
inimigo do povo, mas sozinho e firme nas minhas convicções.”
O SR. PRESIDENTE: Não foi uma Questão de Ordem, mas o
Vereador reafirmou a sua posição.
Solicito
ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada para entrarmos na Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, por entendimento das
Bancadas, solicitamos que, na Ordem do Dia, entremos na discussão dos Requerimentos
e temos uma ordem de Requerimentos, aqui, acordados.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Renato Guimarães, V. Exa. está
pedindo que na Ordem do Dia, sejam apreciados primeiro os Requerimentos?
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sim, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Qual a ordem?
O SR. RENATO GUIMARÃES: Requerimento nº 97/99, do Ver. Luiz Braz,
que versa sobre a CPI dos bancos; Requerimento nº 98/99, do Ver. Guilherme
Barbosa; Processo nº 1344/99 e Requerimento nº 90/99.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Renato
Guimarães. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com voto contra do Ver. João
Dib.
Solicito
que o Sr. 1º Secretário faça a leitura do Requerimento nº 97/99, de autoria do
Ver. Luiz Braz.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Faço a leitura: “Moção de Solidariedade
com a Comissão Parlamentar de Inquérito que apura irregularidades no sistema
financeiro - CPI dos bancos”.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): É rigorosamente uma Questão de Ordem. Sr.
Presidente, não existe um outro Requerimento, anterior a este, tratando de
idêntico tema? Interpreto também o sentimento do Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. PRESIDENTE: Houve um Requerimento do Ver. Renato
Guimarães para que os Requerimentos fossem apreciados antes dos Projetos. A
ordem que observamos, na votação dos Requerimentos, é rigorosamente a ordem
cronológica.
O
Ver. Renato Guimarães formulou um Requerimento, que foi aprovado, com o voto
contrário apenas do Ver. João Dib, no que tange à ordem dos Requerimentos a
serem apreciados. Neste sentido, rompe-se o encaminhamento normal de seguirmos
rigorosamente a ordem cronológica de apresentação dos Requerimentos. A questão
levantada é se já não haveria outra proposição anterior, neste sentido. Vou
consultar a Diretoria Legislativa para verificar se há alguma prejudicialidade
quando existem Requerimentos semelhantes.
Neste
sentido, suspendo a Sessão para que possamos resolver esta questão.
(Suspendem-se
os trabalhos às 17h03min.)
O SR. PRESIDENTE (às 17h05min): Estão reabertos os trabalhos.
Comunico ao Plenário da
decisão dessa Presidência. Na verdade há três Requerimentos de assuntos
similares, mas não temos como dizer que a Proposição do Ver. Luiz Braz, a
Proposição do Ver. Adeli Sell e do Ver. Reginaldo Pujol sejam de teor semelhante
ou igual, neste sentido vamos manter a palavra com o Orador. Srs. Vereadores,
estamos na Ordem do Dia e as Questões de Ordem têm que ser referentes à ela.
Vai ser apreciado agora o Requerimento nº 97/99, Processo nº 1402/99, de
autoria do Ver. Luiz Braz.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Questão de
Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria que fosse utilizado o
mesmo critério de procedimento para o Requerimento do Ver. Adeli Sell como em
relação ao meu Requerimento, que no meu ponto de vista trata do mesmo mérito,
que é sobre a questão da CPI dos Bancos, numa outra ótica. Eu gostaria que o
critério utilizado de preservação do Requerimento do Ver. Adeli Sell fosse
utilizado em relação do meu Requerimento, também, que versa sobre o mesmo fato
político.
O SR. PRESIDENTE: No momento oportuno nós vamos fazer essa
verificação. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento
nº 97/99.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Juarez Pinheiro, no exercício da
Presidência desta Casa, Ver. Adeli Sell, Srs. Vereadores,
Sras. Vereadoras, eu faço questão de fazer a leitura da Moção, Ver. João Dib,
até para que todos Vereadores possam acompanhá-la de uma forma mais perfeita,
mais legítima. (Lê.) “A Câmara Municipal de Porto Alegre, hipoteca sua
irrestrita solidariedade à Comissão Parlamentar de Inquérito que apura
irregularidades no sistema financeiro (CPI dos Bancos), por sua ação enérgica
na prisão do ex-presidente do Banco Central, Sr. Francisco Lopes, por sua
arrogância, desrespeito e impostura frente a essa CPI. Esperamos que apuradas
todas as irregularidades sejam os responsáveis punidos de forma rigorosa e
exemplar, de maneira a coibir toda tentativa de desvios de verbas públicas,
apropriação indébita, favorecimento ilícito a terceiros, ou qualquer outra
postura que não seja legal.”
Este
texto, Ver. João Dib, eu tenho certeza absoluta que não pode deixar de ser
aprovado por nenhum Vereador desta Casa, por nenhum parlamentar em exercício
neste País, por nenhum cidadão brasileiro que realmente goste da sua Pátria, da
sua Nação e que queira moralizar, não apenas o Congresso Nacional, mas todas as
instituições. Que queira, realmente, fazer com que possamos ter um novo País,
em que se possa confiar em todos aquele que se colocam em posição de
autoridade. Nós não podemos conceber que alguém, Ver. João Dib, chegue no
Congresso Nacional, numa CPI - ou aqui na Câmara de Vereadores, nas instâncias
que nós temos na Câmara de Vereadores - e queira minimizar a importância do
Legislativo, fazendo com que, através dos ensinamentos dos seus advogados, ele
não assinasse um documento que apenas estava dizendo que ele iria dizer a
verdade, quando é uma obrigação dele dizer a verdade frente a uma Comissão
Parlamentar de Inquérito. É isso que quer a sociedade! E, essa comparação, Ver.
Pedro Américo Leal, nós fazemos também a todos os casos que possam acontecer
aqui em nosso Município, já que nós somos Vereadores em Porto Alegre. Nós não
vamos de forma nenhuma concordar com que qualquer uma pessoa possa desrespeitar
este Legislativo e que venham fazer com que sejam minimizadas as suas ações e a
corrupção, a anarquia, o desrespeito possam prosperar, possam crescer em
detrimento deste Poder. Acho que essa Moção de Solidariedade vem apenas para
reforçar o Legislativo, vem apenas para reforçar, não apenas esse instrumento
vigoroso que é a CPI e que muitas vezes foi desmoralizada exatamente por ações
bem parecidas como essas aqui do Chico Lopes, mas, que venha revigorar, que
venha dar força para todos os instrumentos que nós temos no Legislativo para
apurar as verdades e para podermos realmente carrear para a sociedade aquilo
que é o melhor para a sociedade e não atos como esses praticados pelo Chico
Lopes que carreia para as suas próprias contas, de acordo com o seu silêncio,
que quase é uma confissão, recursos públicos. Quando recursos públicos são
mexidos - tanto faz que seja aqui nesta Câmara de Vereadores, como foi debatido
aqui o problema do auxílio-creche, como com o Sr. Francisco Lopes, onde o
problema é relativo ao Banco Central -, nós não devemos transigir, nós não
devemos aceitar. Nós temos que tratar com dureza, com rigidez, nós temos que
apurar os fatos, e, para isso, não podemos concordar com uma ação como essa do
Sr. Francisco Lopes, que simplesmente se negou a falar para essa Comissão, ou
simplesmente se negou a dizer a verdade para essa Comissão. Aconselhado ou não
por seus advogados, ele não tinha esse direito. Portanto, acho que o Congresso
Nacional, que a CPI agiu muito bem ao mandar prender o Sr. Francisco Lopes,
para fazer valer a sua força, para fazer valer aquele poder que está
concentrado hoje na CPI e que na verdade não deve ter a sua importância
minimizada, para que outros Poderes da nossa Nação que também respeitamos, como
o Judiciário, possam avaliar esse incidente.
Fazemos
esta Moção de Solidariedade em nome do Partido Trabalhista Brasileiro e, tenho
certeza, em nome de todos os partidos, porque afinal de contas todos nós
devemos propugnar pela decência e pela moralidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para encaminhar a votação do Requerimento nº 97/99.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
entendemos que a presente Moção oferecida pelo Vereador Luiz Braz, é o mínimo
que uma Casa política poderia ter para manifestar o seu repúdio, e, também, a
sua solidariedade à Comissão Parlamentar de Inquérito, às iniciativas que se
dão no Congresso Nacional, em especial no Senado Federal, e o repúdio, em
especial, à atitude de alguém que teve relevantes responsabilidades no processo
financeiro brasileiro.
Mas
também, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a matéria que nós todos acompanhamos
- os episódios que envolveram aquela histórica Sessão, uma série de passagens
do processo deixam a desejar e até, por assim dizer, torna nua a fragilidade e,
talvez, até o despreparo na condução daquele processo.
Todos
assistimos que o Sr. Francisco Lopes, bem orientado, não acede ao convite para
assinar o documento para depor como testemunha. Porque, como testemunha, e
todos nós sabemos é do processo judiciário e do processo brasileiro, ele só
pode falar a verdade e como indiciado - como réu - ele tem o direito, sim, de
mentir. Isso, em nome da liberdade, Ver. Lauro Hagemann, se assegura esse
direito. É o direito de fugir, que também se assegura ao acusado, ao detento.
Até
estranhei aquelas circunstâncias, pois o ex-Presidente do Banco Central não foi
chamado como acusado e como réu, tendo em vista todo o processo que se
desenvolveu através da Procuradoria Geral da República e da Polícia Federal,
quando detectaram e estiveram, através de uma ação, numa busca e apreensão na
casa da referida autoridade financeira onde se apossaram de documentos que o
comprometem. Então já estava, por indícios veementes, na minha opinião, faltando
apenas uma formalidade, denunciado o Sr. Francisco Lopes, de ter facilitado,
ter feito vazar informações de Estado, no campo financeiro. Vejam a gravidade
da ocorrência!
Portanto,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, fica aqui a nossa manifestação favorável, lamentando,
Ver. Luiz Braz, a falta de preparo da Mesa dos trabalhos que dirigia a Comissão
Parlamentar de Inquérito. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 97/99.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, as
conseqüências da decisão do ilustre Presidente da Comissão Parlamentar de
Inquérito que examina o Sistema Financeiro, Senador Parga eleito pelo Partido
da Frente Liberal do Estado do Maranhão, e que entendeu de dar voz de prisão ao
Sr. Francisco Lopes, face aos incidentes ocorridos no Plenário daquela Comissão
e que são, sobejamente, conhecidos da Nação, justificam a Moção de
Solidariedade que o Ver. Luiz Braz pretende obter da Casa.
Eu
devo alinhar-me com o Ver. Elói Guimarães em algumas considerações acerca da
juridicidade do procedimento inquinado.
Mas,
ao mesmo tempo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não posso perder de vista o
sentido da decisão que a Casa irá tomar, que é eminentemente política.
Evidentemente, as decisões políticas, com muita freqüência, até arranham a
legalidade das apreciações diante do fato maior, que é a necessidade, no caso,
de se ser solidário com aqueles que dirigem uma Comissão Parlamentar de Inquérito,
requerida, no Senado Federal, com mais de quarenta assinaturas, que teve a
pontificá-la o Senador peemedebista do Estado do Pará, Jáder Barbalho, e que
começa a produzir os seus efeitos.
Em
verdade, Sr. Presidente, eu me alinharia com muito mais tranqüilidade,
dependendo dos termos em que fosse vazada, à manifestação requerida pelo Ver.
Renato Guimarães, de solidariedade ao Ministério Público e aos seus quatro
jovens integrantes, que deflagraram todo esse processo com a sua ação, por uns
até acoimada de exagerada, mas que, no meu entendimento, no entendimento de
quem sempre prefere o exagero à omissão, criaram as condições objetivas para
que todos esses fatos se sucedessem.
Eu
quero deixar muito claro que, como homem que freqüentou curso universitário,
que é advogado, que militou fundamente nas lides advocatícias, não posso deixar
de reconhecer que era uma prerrogativa do Sr. Francisco Lopes não se incriminar
no momento de ser ouvido, não como testemunha, porque ele é o acusado perante a
Nação de forma insofismável. Ele não é sequer indiciado; ele é hoje acusado dos
atos que toda a imprensa brasileira está proclamando.
Mas
eu procuro entender a proposição do Ver. Luiz Braz nos seus objetivos: é uma
solidariedade de casa política para casa política. E nesse ponto, eu não posso
faltar com os Senadores da República, que buscam valorizar o Senado Federal por
meio de duas Comissões Parlamentares de Inquérito importantíssimas: uma, a que
está em baila, e a outra, que procura elucidar situações não muito claras
praticadas no Judiciário brasileiro. Essas Comissões, em determinados momentos,
têm sido acusadas de estarem a serviço desse ou daquele outro movimento
político, mas nós, como parlamentares, temos que defender como instituição.
Eu
não vou citar o seu nome, mas um colega Vereador, advogado, também, dizia há
pouco, quando me encaminhava para a tribuna, que a decisão foi ilegal, mas que
não havia outra saída para o Senador Presidente da CPI, senão a de se valer
dessa ilegalidade para manter a autoridade do Senado Federal, enquanto
instituição capaz de trazer à colação até mesmo aqueles que, até há bem pouco,
eram poderosos nesta Nação e que, se desviando, precisam ter escoimados,
esclarecidos seus atos. E a CPI, o Ministério Público, todos os que se propõem
a esclarecer, haverão de ter o nosso apoio.
Por
isso, fico com a proposição do Ver. Luiz Braz, sem deixar de fazer essas
considerações, pois parece que houve um equívoco do meu correligionário,
Presidente da CPI, ensejando essa confusão toda que se gerou.
De
qualquer forma, vou ficar solidário com aqueles que, de modo certo ou errado,
buscam esclarecer perante a Nação essas anomalias que queremos ver
esclarecidas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, para
encaminhar a votação do Requerimento nº 97/99.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nobre
Ver. Adeli Sell, que há poucos dias estava preocupado, porque este Vereador, de
modo geral, se manifesta contra todo e qualquer tipo de moção. Moção termina
causando emoção, atrapalhação e até agressão.
Sou
engenheiro, os que me antecederam são juristas, talvez eu não tenha as
condições necessárias para uma análise, a não ser a análise fria que fazem os
engenheiros, que fazem os homens voltados para a matemática. Quando se
estabeleceu a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado, armou-se um circo. E
os Senadores, os jornais de hoje dizem que compraram novas roupas, acertaram os
seus penteados, arrumaram os seus bigodes e até colocaram perfume. Para quê?
Para resolverem os problemas da Pátria ou para aparecer na imprensa, na mídia,
fazendo um serviço que deveria ser a obrigação de cada um deles? Eles deveriam
estar no Congresso Nacional, permanentemente, buscando soluções para os grandes
problemas da nossa Pátria. Eu não vou defender o Chico Lopes, de forma nenhuma,
agora, eu não tenho por que dar solidariedade a alguém que não sabe cumprir com
o seu dever. Comissão Parlamentar de Inquérito, Comissão de Sindicância, é
alguma coisa muito importante, têm que ser feitas com seriedade, com
responsabilidade e com competência, como de resto, todas as coisas públicas
devem ser feitas.
O
Sr. Chico Lopes compareceu a Comissão Parlamentar de Inquérito, e os maiores
juristas deste País avaliam que os advogados de Chico Lopes agiram certo. “O
ex-presidente do Banco Central, Francisco Lopes não poderia depor como
testemunha num processo que o põe como réu, afirmam juristas. Para Márcio
Thomaz Bastos, Miguel Reale Júnior, Carlos Ari Sundfeld e Manuel Alceu Affonso
Ferreira, a atitude dos seus advogados foi correta, mas o pedido de prisão foi
discutível.
A
CPI errou duas vezes: tentou colocar no réu uma camisa-de-força de testemunha e
depois o constrangeu ilegalmente com a decretação da prisão, afirmou Thomaz
Bastos. Reale Júnior considerou um abuso a voz de prisão a Lopes. “São as
maiores autoridades que este País tem entre os juristas. Agora, os nossos
Senadores esqueceram de se assessorar, esqueceram-se de que eram homens de
responsabilidade e que precisavam ter competência e seriedade, e não apenas se
preparar para aparecer em cima das mazelas em que este País vive.
O
nosso Paulo Sant’Ana, que foi um excelente Vereador nesta Casa, escreve na sua
coluna da “Zero Hora” de hoje algo que precisaria ser examinado pelos
Vereadores: “A questão é a seguinte: os advogados de Francisco Lopes decidiram
que ele não iria depor para não correr o risco de ver agravada a sua situação
por suas próprias palavras. Traduzindo, o acusado, mesmo antes de ser réu, caso
de Chico Lopes, tem direito de mentir ou omitir em sua defesa. Já não é o caso
da testemunha, condição que a CPI tentava emprestar ao depoente. É impopular,
neste momento em que causa até raiva verem-se bilhões de reais pertencentes à
nação brasileira e a seus cidadãos desperdiçados na promiscuidade entre
dirigentes do Banco Central e especuladores financeiros, que um ex-Presidente
do Banco Central se negue a depor. Mas a justiça e a lei são preservadas também
pela ampla defesa do acusado. E foi o que aconteceu. Cá para nós, não era mais
testemunha um homem que tivera seu lar devassado e de lá retirados documentos
importantes que poderiam comprometê-lo, através de busca legal. Esse homem já
era claramente um acusado. E os direitos e deveres de um acusado num trâmite
legal são totalmente diferentes dos de uma testemunha. Isso foi o que a CPI não
soube discernir. Chico Lopes não ia dar só um depoimento. Ele ia ser submetido
a um interrogatório.”
Então,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fica muito difícil acompanhar a quantidade
imensa de moções trazidas a este Plenário, e que levam a nada, mas produzem
alteração, dúvidas e confusão. E eu não sei como dizer, agora que os Senadores
não têm a seriedade necessária para conduzir uma Comissão Parlamentar de
Inquérito, então o que devo eu fazer aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre?
Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra, para encaminhar a votação do Requerimento nº 97/99.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
semana passada, trouxemos à tribuna o debate sobre o conjunto de informações
que estavam aflorando sobre a CPI dos Bancos e houve intervenções dizendo que
aquele debate era irresponsável. Hoje, estamos ouvindo dizer que os Senadores,
que conduzem a CPI, não são responsáveis, não sabem o que estão fazendo. Não
podemos criar “nuvens de fumaça” para tratar do verdadeiro objeto dessa CPI, os
bancos são as empresas que mais lucram, não são as empresas que produzem
alimentos, não é o conjunto das empresas responsáveis pela produção deste País,
as empresas que mais lucram, são os bancos, o sistema financeiro. Na
desvalorização do real, na virada do ano, os bancos lucraram o valor
equivalente a dois anos de lucro. É interessante fazer esse registro para se
focalizar o verdadeiro objeto da CPI, que é fazer uma limpeza nas relações
dentro do sistema financeiro que favorecem o ganho de forma irregular dessas
instituições. Essas instituições trabalham contra a soberania nacional porque
elas mantêm relações com o capital de giro do mundo inteiro e lucram muito mais
do que o conjunto inteiro das empresas que produzem para esta nação.
É
importante fazer o registro da importância do papel do Ministério Público neste
debate, se não fossem os Promotores Públicos do Rio de Janeiro, a partir das
denúncias, encarando o seu papel e terem buscado, através de medida judicial,
as informações que hoje estão à disposição da CPI, essa CPI não daria em nada,
não iria conseguir provar nada. Hoje, a CPI tem o conteúdo para fazer a
denúncia de que o Banco Central do Brasil é hoje um agente do sistema
financeiro privado, favorecendo o sistema privado. Se o Banco Central do Brasil
favorece o sistema financeiro privado, o Governo Federal favorece as relações
do sistema financeiro. A CPI tem que ir muito além do que fritar Francisco
Lopes, ex-Presidente do Banco Central, tem de fazer uma devassa na relação do
Banco Central, no sentido de identificar ali um problema que não é deste Banco,
é um problema central do Governo Federal que trabalha a favor de interesses que
não são os mesmos do povo brasileiro. Dizer que em uma desvalorização da moeda,
um conjunto de empresas privadas e bancos privados ganharam dois bilhões de
reais e que esse dinheiro não fica dentro do País para a produção, sendo
mandado para as ilhas, para a Europa e para os paraísos fiscais do mundo, é um
caso que deve ser muito mais investigado, indo mais além do que tratar do
ex-Presidente do Banco Central, do Banco Marka ou de outro banco. Devem fazer uma
devassa nas relações que o Banco Central tem com todo o sistema financeiro e
com as relações com o Governo Federal, porque, se analisarmos o últimos
períodos deste Governo, os seus principais dirigentes na área econômica são,
sim, pessoas a mando dos principais grupos econômicos e financeiros do mundo. O
atual Presidente do Banco Central todos sabem a mando de quem está. Ele não
está a mando do Governo Federal, mas de grandes empresas financeiras que mandam
neste mundo, portanto, a CPI tem de ir muito mais além do que simplesmente
investigar a vida de Francisco Lopes, ela tem de investigar a vida do Governo
que está aí, através do sistema financeiro, entregando o País. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Requerimento): Declaro que quero me inscrever para o
encaminhamento, mas vou fazer uma Questão de Ordem anterior à votação para
viabilizar a votação imediatamente posterior. Quando o Ver. Renato Guimarães
requereu aquela Ordem do Dia, que foi consensual, houve um cochilo por parte
dos Vereadores, nós desconhecíamos, e há um Requerimento do Ver. Pedro Américo
Leal que precisa ser aprovado hoje, porque é uma representação da Casa que o
Vereador vai fazer amanhã, e como o quórum está se esvaziando, requeiro aos
Vereadores que voltemos a alterar a Ordem do Dia para, logo depois desse
Requerimento, votar o Requerimento do Ver. Pedro Américo Leal. Não é um pedido
dele, é uma questão que interessa à Casa, como tal. E no consenso que nós
montamos antes, desconhecíamos esse processo e precisamos, portanto, fazer esta
correção, sob pena de não poder fazer a representação, amanhã, da Casa.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado, Ver. Antonio Hohlfeldt. Nós
temos quórum para votar o Requerimento de autoria do Ver. Luiz Braz. Em seguida
votaremos o seu Requerimento. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, para
encaminhar a votação do Requerimento nº 97/99.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Peço
perdão, Ver. Adeli Sell, se V. Exa. não entendeu ou eu não me fiz bem claro,
mas, em nome da Liderança do PSDB, faço absoluta questão de encaminhar o
Requerimento do Ver. Luiz Braz. E quero destacar isto: nos termos em que está
colocado o Requerimento, ele precisa ser aprovado por unanimidade nesta Casa.
Eu concordo plenamente com o Ver. João Dib, acho que houve, talvez, uma pegada
de surpresa por parte do ex-Diretor, ex-Presidente do Banco Central, Dr.
Francisco Lopes, e seus advogados em relação à maneira como se desenvolvia a
Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado.
Agora,
uma vez criada uma situação - e a crônica do Paulo Sant’Ana é feliz nesta
análise - é impossível que alguém possa fazer declarações que sejam
prejudiciais a si próprio. Portanto, nesse sentido, o Sr. Francisco Lopes tem
absoluto direito, eu diria que tem até dever, de se preservar. E, nesse
sentido, foi orientado pelos seus advogados. Então, há o lado de alguém que
passou a ser acusado; há o lado da questão legal, formal da CPI; e há o
terceiro lado, que é o lado fundamental, sobre o qual eu faço questão de tocar
aqui, no encaminhamento deste Requerimento, Ver. Luiz Braz: um cidadão que é
funcionário público, que recebe a confiança, no caso, do Presidente da
República e de Ministros de Estado e que desenvolve funções que são perpassadas
por interesses dos mais diversos e certamente contraditórios, esse cidadão
exerce um cargo que não é fácil, que é de imensa responsabilidade, como
conseqüência, e espera-se, portanto, que ele tenha absoluta responsabilidade e
absoluta transparência. Se, de um lado, não podemos prejulgar ninguém, do outro
lado, penso que ninguém aqui vai discutir o fato de que, se o Sr. Francisco
Lopes for julgado culpado, ele tem que ser responsabilizado. Aí, tenho uma
discordância frontal com o Ver. Renato Guimarães. As coisas precisam passar por
etapas. Vou lembrar, aqui, um Ministro da Saúde que, há alguns anos, por
interesses de uma grande empresa deste País, foi acusado de maracutaias no
Ministério, envolvendo bicicletas e por aí afora. Infelizmente, muita gente
deitou falação, aqui nesta Casa e neste Plenário e no Plenário da Câmara
Federal, dizendo que o Ministro era culpado, que o Governo era culpado, que
todo mundo era culpado e que tinha que bater neles. Alguns meses depois,
encerrado o inquérito, verificou-se que o Ministro, ao contrário, não tinha
absoluta responsabilidade de nada e que, sim, a responsabilidade era de um
funcionário do terceiro escalão. Não ouvi ninguém dos acusadores voltarem aqui
para fazer a correção do discurso. Ainda que fizessem, a questão que sempre se
coloca é: de que adiantaria a correção do discurso? Penso que temos que ter
claro, falo aqui não apenas na condição de Vereador, mas também na condição de
jornalista e de professor...
Sr.
Presidente, o relógio está marcando dois minutos. Meu tempo é de cinco minutos.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Eu não havia marcado o seu tempo.
Acrescentarei dois minutos.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Aí, é difícil falar sem saber quanto
tempo se tem. Estou olhando para o relógio e me guiando por ele. O meu discurso
fica absolutamente perdido.
O SR. PRESIDENTE: Quando assumi, o Vereador Adeli Sell, que
me antecedeu, não havia marcado o tempo. V. Exa. tem mais um minuto.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vou agradecer o minuto, porque o meu
discurso está estragado, não há mais como retomar a linha do desenvolvimento
que queria fazer. Peço desculpas aos Srs. Vereadores. Quero, apenas, ratificar
a minha posição, lamentando que o debate que iria fazer fica atrapalhado. Quero
ratificar o apoio ao Requerimento do Ver. Luiz Braz.
Quero
retornar, de qualquer maneira, aí sim, à questão da irresponsabilidade de se
querer, imediatamente, generalizar acusações. Isso, sim, parece-me que é falta
de preparo para exercer cargo público. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 97/99, de
autoria do Ver. Luiz Braz. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
votação o Requerimento para inversão da ordem dos Requerimentos, de autoria do
Ver. Antonio Hohlfeldt. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
votação o Requerimento nº 99/99, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 17h46min.)
* * * * *